Mariana, 13 de nov de 2015 às 18:00
Solidariedade, unidade e esperança, foi o que pediu o Arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha na Missa pelas vítimas do rompimento das barragens de Fundão e Santarém. A catástrofe aconteceu no dia 5 de novembro, despejando 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério e água no distrito de Bento Rodrigues e outras áreas da região. Até agora seis mortes foram confirmadas.
A Celebração Eucarística aconteceu na quarta-feira, 11, na Praça da Sé em Mariana, reunindo milhares de pessoas. Aos presentes, o Arcebispo recordou um fato que chamou sua atenção quando visitava os lugares atingidos pelo rompimento das barragens.
“Encontrei uma senhora que se aproximou de mim e disse: 'Perdi tudo, só não perdi a fé'. Então, me lembrei da passagem da carta de São Paulo aos Romanos: ‘Nada pode nos separar do amor de Cristo’”, disse.
Dom Geraldo acrescentou: “Se Deus é conosco, quem poderá estar contra nós? Nem o rompimento da barragem, nem a lama que soterrou algumas vilas e vai descendo Rio Doce abaixo. Nem a dor de ver uma vida inteira que vai embora num instante apenas. A casa, as plantações, os animais, os objetos, as coisas de estimação, o lugar onde morava, tudo se acabou, mas nada nos separará do amor de Cristo. Nem a morte dos entes queridos que se foram”.
O Arcebispo reconheceu que a tristeza acompanha este momento. Entretanto, sublinhou que isso “não pode se transformar em perda da esperança”.
Diante disso, declarou que “a Igreja quer expressar a sua solidariedade” a todos os que foram atingidos não só na cidade de Mariana, mas também nos demais municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, já que os rejeitos da barragem atingiram o Rio Doce, que passa por essa região, contaminando suas águas.
“A Igreja quer se dizer solidária, companheira no caminho, portadora de esperança, servidora da misericórdia”, afirmou.
Dom Geraldo Lyrio também agradeceu aos que, logo após o rompimento das barragens, se colocaram à disposição para ajudar as vítimas e aos que colaboraram com doações. Ele pediu também que se dê continuidade a esta “solidariedade fraterna”.
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“No exame final, nós já sabemos quais são as perguntas que o mestre Jesus vai nos fazer. Ele vai nos perguntar qual foi a nossa atitude diante do sofrimento dos irmãos. Ele não vai perguntar quais foram os nossos discursos, e sim os nossos gestos concretos”, assinalou o Prelado, ao ressaltar que “os gestos de solidariedade não ficam sem resposta”.
Mas, advertiu o Arcebispo, “o Senhor é muito realista, porque, quem se isolou no seu egoísmo, quem se fechou na sua ambição, quem se deixou vencer pela sede desenfreada de lucro, quem explorou os outros, quem cresceu na vida passando por cima dos irmãos... é claro que quem fizer assim, vai encontrar uma resposta muito dura”.
Por fim, dirigindo-se às vítimas da catástrofe, Dom Geraldo pediu que todos permaneçam unidos e “que ninguém busque solução isolada para si próprio e para sua família”. “Porque a tragédia atingiu a todos igualmente, a solução também deve ser para todos igualmente”.
“Que ninguém queira se aproveitar da situação para tirar proveito próprio. Não deixem que isso aconteça”, aconselhou, lembrando que, assim como “nada pode nos separar do amor de Cristo”, também “nada pode nos separar do amor aos irmãos”.
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