Vaticano, 23 de nov de 2015 às 10:20
Na Solenidade de Cristo Rei do Universo, celebrada ontem pela Igreja, o Papa Francisco refletiu sobre a necessidade que o cristão tem de entender que a força do reino do Senhor é o amor e que Ele se revela como soberano no “fracasso” da cruz no calvário, como o fez o bom ladrão.
Diante de milhares de fiéis presentes, o Santo Padre explicou: “Dizer que ‘Jesus deu a vida pelo mundo’ é verdadeiro, mas é mais belo dizer: ‘Jesus deu a sua vida por mim’. E hoje aqui na praça, cada um de nós diga em seu coração: ‘Deu a vida por mim’, para salvar cada um de nós dos nossos pecados”.
“Quem entendeu isto? Entendeu bem um dos dois malfeitores que foram crucificados com Ele, conhecido como o ‘bom ladrão’, que suplica: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino’. Ele era um malfeitor, era um corrupto que foi condenado à morte por causa da brutalidade que cometeu na vida. Mas ele viu na atitude de Jesus, na humildade de Jesus o amor. Esta é a força do reino de Cristo: o amor”.
Depois de afirmar que Cristo se revelou como rei na cruz, o Papa indicou que quem olha para ela “não pode não ver a surpreendente gratuidade do amor, mas algum de vocês poderia dizer: ‘mas, Padre, isto foi um fracasso!’ É justamente no fracasso do pecado – o pecado é um fracasso –, no fracasso da ambição humana, que podemos ver o triunfo da cruz, aí está a gratuidade do amor”.
“No fracasso da cruz se vê o amor, este amor que é gratuito, que Jesus nos dá. Falar de potência e de força para o cristão, significa fazer referência ao poder da Cruz e à força do amor de Jesus: um amor que permanece firme e íntegro, mesmo diante da recusa, que surge como o cumprimento de uma vida gasta na oferta total de si em favor da humanidade”, prosseguiu o Pontífice.
“No calvário, os circunstantes e os líderes ridicularizam Jesus pregado na cruz e lançam o desafio: ‘Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz’. Mas, paradoxalmente a verdade de Jesus é aquela que em tom de zombaria seus adversários lançam sobre Ele: ‘não pode salvar-se a si mesmo!’”.
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Em seguida, o Papa precisou: “Se Jesus tivesse descido da cruz, teria cedido à tentação do príncipe deste mundo, ao invés, Ele não salva a si mesmo justamente para poder salvar os outros, porque deu a sua vida por nós, por cada um de nós”.
Quando Jesus se apresenta ante o Pilatos como rei de um reino que “não é deste mundo”, isto “não significa que Cristo seja rei de outro mundo, mas rei de outra maneira, mas é rei neste mundo”.
“Trata-se de uma contraposição entre duas lógicas: a lógica mundana apoiada na ambição e na competição combate com as armas do medo, da chantagem e da manipulação das consciências. A lógica do Evangelho, a de Jesus, ao contrário, expressa na humildade e na gratuidade, afirma-se silenciosamente, mas eficazmente com a força da verdade”, enfatizou o Santo Padre.
“Olhemos para a cruz do bom ladrão e digamos todos juntos aquilo que disse o bom ladrão: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino’. Pedir a Jesus, quando nos encontramos frágeis, pecadores, derrotados, para nos guardar e dizer: ‘O Senhor está aí. Não se esqueça de mim’”.
Ao finalizar sua reflexão, o Papa Francisco disse: “Diante de tantas dilacerações no mundo e das demasiadas feridas na carne dos homens, peçamos a Nossa Senhora que nos ampare no nosso esforço a fim de imitar Jesus, nosso rei, tornando presente o seu reino com gestos de ternura, de compreensão e de misericórdia”.