O Conselho dos Imãs da França pediu expulsão dos radicais islâmicos da Europa, por meio de um texto "solene" lido na oração de sexta-feira, 20, nas 2500 mesquitas que há nesse país europeu onde o Estado Islâmico perpetrou vários atentados em 13 de novembro, que deixaram mais de 120 mortos e centenas de feridos.

É a primeira vez que uma instituição islâmica faz uma declaração deste tipo e, além disso, denunciam que os cristãos vivem nos países muçulmanos “com dificuldades”, enquanto eles na França e Europa o fazem “com total liberdade e dignidade”.

A declaração assinalou que, “segundo a ideologia destes islamistas ignorantes, o islã da tolerância, do humanismo e da abertura e do diálogo inter-religioso se transformou em uma traição e uma colaboração com o Ocidente”.

Isto, alertam, fez com que “os imãs tolerantes sejam ameaçados dentro de suas próprias mesquitas por estes extremistas que escolheram o ódio contra qualquer um que seja diferente, inclusive se esses diferentes forem muçulmanos”.

“Os responsáveis pelo islã na França não estão à altura dos verdadeiros valores do Islã, nem dos verdadeiros valores da república. Eles converteram nosso islã universal em uma religião sectária e odiosa, a qual não aceita a abertura e a adaptação aos valores europeus”, prosseguem.

Por isso, o Conselho de Imãs afirma que “estes imãs incompetentes como responsáveis fracassados devem deixar seus cargos a outros que sejam mais competentes e mais abertos, pois não foram capazes de tranquilizar os muçulmanos nem os franceses”.

Em seguida, assinala que “os terroristas têm pais, têm famílias. Que coisas lhes ensinaram? Foram superados pela Internet e pelas redes sociais?”. O texto indica que “a condenação aos atentados já não é suficiente, pois não podemos continuar fazendo como o avestruz. Não podemos esconder nossas cabeças embaixo da areia repetindo esta frase malévola: ‘Não somos nós, são eles!”

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“Cada imã, cada responsável religioso e cada muçulmano deve assumir sua parte de responsabilidade, porque estes atentados criminosos foram cometidos em nome da nossa religião”, prosseguem.

Em seguida, o Conselho dos Imãs da França reconheceu através de declaração feita na última sexta-feira nas mesquitas do país que “os cristãos, os judeus e os ateus vivem com dificuldades no mundo muçulmano. Construir uma igreja ou uma sinagoga é um sonho impossível de ser realizado nestes países, chegando inclusive até a intervenção do presidente da república!”.

Ao contrário dos cristãos e judeus, continuam, “os muçulmanos na França e na Europa vivem com plena liberdade e dignidade. Constroem mesquitas, centros islâmicos e escolas religiosas sem nenhuma sabotagem nem exclusão”.

A declaração exortou ainda a educar os jovens “a fim de combater as ideias de ódio dentro da nossa religião” para que não se convertam em “bombas terroristas que querem destruir os valores dos países ocidentais, mas na verdade destroem as imagens do islã e o futuro do islã na França e em toda Europa”.

Estes países, recordou o texto, “nos oferecem ainda benefícios e vantagens que não encontramos em nossos países de origem, apesar de todas as dificuldades que normalmente existem nos bairros e nas periferias”.

No final da declaração, o Conselho de Imãs destacou que “o futuro de sua religião e o destino de seus filhos está em jogo, portanto, nós (muçulmanos) devemos decidir atuar ou não”.