MONTEVIDÉU, 3 de mai de 2005 às 12:09
A Federação de Igrejas Evangélicas enviou uma carta ao Presidente Tabaré Vázquez na qual o recriminam por consentir comemorações oficiais ao defunto Papa João Paulo II.
Os evangélicos argüiram estar “perplexos e desconformes" porque consideram que ao render tributo ao anterior Pontífice se está deslocando a separação entre a esfera civil e a religiosa a "um modelo confessional".
O presidente da Federação, Oscar Bolioli, declarou à imprensa que o mal-estar dos evangélicos responde à Missa organizada pela embaixada do Uruguai diante da Santa Sé em uma igreja de Roma e o traslado de uma imagem de João Paulo II a uma zona pública.
"Não acreditam que uma embaixada, que é extensão do território nacional e portanto sob suas próprias leis, possa ou tenha mandato de fazer celebrações religiosas particulares. Acreditam que isso não é um rol do Estado, mas sim das Iglesias", indicou irritado Bolioli.
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Para o líder evangélico é uma "violação" a laicidade que se translade a imagem do João Paulo II e argumentou que até agora "o diálogo (do governo) foi com um setor religioso e uma ignorância total a outros setores".
O deputado oficialista Torre Arregui respondeu a estas declarações e esclareceu que "violaria-se a laicidade se o Estado adotasse uma religião ou a favorecesse", coisa que neste caso não acontece.
Arregui explicou que há "feitos importantes" na vida de uma comunidade, como o falecimento do João Paulo II e é um sinal de "respeito e consideração" impulsionar ações como o traslado da estátua.
"Se no dia de amanhã outra religião ou outro grupo de pensamentos preconiza impulsionar a instalação de um símbolo ou de uma efígie, nós também, com muito prazer participaríamos desse pensamento porque de alguma maneira o que reflete é a pluralidade de concepções e de posturas filosóficas", afirmou o legislador.