Após o Papa Francisco abrir a Porta Santa na Basílica de São Pedro, nesta terça-feira, as Dioceses do mundo inteiro seguirão seus passos e abrirão suas portas no próximo domingo, 13, conforme o calendário oficial do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Neste Ano Santo, uma das novidades é a grande quantidade de portas santas, tendo o Pontífice concedido possibilidades de viverem essa experiência a quem se encontra em presídios, hospitais ou impossibilitados de sair de casa.

“O Santo Padre quer que esse sinal da misericórdia transpareça em todos os lugares, que se tenha esse gesto de peregrinação, mas que a misericórdia apareça cada vez mais”, indicou o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, em entrevista à Rádio Vaticano.

Na Bula de convocação do Ano Santo, Misericordiae Vultus, o Papa Francisco explica que, após a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no dia 8 de dezembro, no “Terceiro Domingo de Advento, abrir-se-á a Porta Santa na Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão. E em seguida será aberta a Porta Santa nas outras Basílicas Papais”.

Para este dia, estabelece que “em cada Igreja particular – na Catedral, que é a Igreja-Mãe para todos os fiéis, ou na Concatedral ou então numa Igreja de significado especial – se abra igualmente, durante todo o Ano Santo, uma Porta da Misericórdia. Por opção do Ordinário, a mesma poderá ser aberta também nos Santuários, meta de muitos peregrinos que frequentemente, nestes lugares sagrados, se sentem tocados no coração pela graça e encontram o caminho da conversão”.

Com isso, o Pontífice afirma que “cada Igreja particular estará diretamente envolvida na vivência deste Ano Santo como um momento extraordinário de graça e renovação espiritual. Portanto, o Jubileu será celebrado, quer em Roma quer nas Igrejas particulares, como sinal visível da comunhão da Igreja inteira”.

Conforme declarou na entrevista à Rádio Vaticano, o Cardeal Tempesta considera que esta determinação do Papa Francisco mantém as tradições anteriores, “porque para aqueles que podem vir até Roma passar pela Porta Santa é uma oportunidade de vir”.

Entretanto, o Arcebispo ressalta que, “a grande maioria que não podia vir, tem agora oportunidade de estar mais próximo aí na sua Diocese e perto de sua Paróquia um lugar de peregrinação”.

Além disso, Dom Orani recorda que o Santo Padre também voltou sua atenção àqueles que não têm condições de ir até esses locais de peregrinação e receber indulgências, como os presidiários e enfermos.

Em carta direcionada ao Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, em setembro, Francisco diz que seu pensamento “também está dirigido aos presidiários, que experimentam a limitação de sua liberdade”.

O Papa explica que os presidiários “poderão ganhar indulgência nas capelas das prisões, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, também consegue transformar as grades em experiências de liberdade”.

Na mesma carta, o Pontífice cita também “os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa”.

A eles, Francisco recomenda viverem a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor. “Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar”.

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Ao considerar essas possibilidades abertas pelo Papa Francisco, o Cardeal Tempesta observa que este “é um meio de estender a misericórdia do Senhor”.

Ele cita ainda outras formas de fazer como que, durante o Jubileu, esta misericórdia seja levada a muitas outras pessoas, como projetos para “ir também aos shoppings centers, praças, ruas, para atender confissões, o que é uma oportunidade para outras pessoas que normalmente não vão às Igrejas se sentirem chamadas à penitência e conversão”.

Portas Santas no Brasil

A Igreja no Brasil, por meio de suas Dioceses, organiza diferentes atividades ao longo do Jubileu. De acordo com o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner, “o Santo Padre ao proclamar o Ano da Misericórdia deu muita importância à Diocese”.

Ao site da Conferência Episcopal, o Prelado explicou que “cada Igreja particular fará sua peregrinação misericordiosa”. Segundo ele, “os Bispos da CNBB, por meio do Conselho Permanente, sugeriram que haja peregrinações nas Dioceses, encontros, celebrações, produção de subsídios que auxiliem as comunidades”.

Mas, ressalta que “cada Diocese deve achar meios para celebrar bem o Ano da Misericórdia”.

Além dessas atividades promovidas pela Igreja, Dom Leonardo assinala ainda que o Ano da Misericórdia deve suscitar atos simples, de convivência, respeito e perdão entre as pessoas.

“A misericórdia faz parte do nosso dia a dia onde manifestamos nossas relações. Por isso, fazemos a experiência das frustrações, das ofensas, do encontro com os pobres e com aqueles que não possuem a mesma fé. Então, é na convivência diária que podemos perceber, a partir da misericórdia de Deus, que somos chamados a sermos misericordiosos como o Pai”, conclui.

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