ROMA, 14 de mai de 2004 às 21:31
Há 23 anos, Francesco Pasanisi tornou-se o escudo que evitou a morte de João Paulo II. Em 13 de maio de 1981, o então comissário chefe de polícia do Vaticano saltou sobre a camioneta que transportava o Papa quando escutou o primeiro disparo do turco Alí Agca e impediu que um segundo tiro acabasse com a vida do Pontífice.
Pasanisi (na foto de óculos), concedeu uma entrevista a Patricia Mayorga, correspondente de El Mercurio na Internet, desde sua casa em Roma e lembrou as peripécias do dia –como depois dissera o próprio Santo Padre – em que a Virgem de Fátima salvou o querido Papa.
O atentado ocorreu quando o Pontífice percorria a Praça São Pedro na tradicional audiência geral, a bordo de uma camioneta descoberta. A seus 84 anos de idade, Pasanisi o lembra claramente: “Quando o Papa caiu, saltei sobre a camioneta e me precipitei em cima dele. Por isso a segunda bala não o atingiu. Se o turco Agca tivesse disparado alguns centímetros mais para cima, o Santo Padre não teria escapado”.
Pasanisi ajudou o Papa a recostar-se para que estivesse mais cômodo e o carregou até o posto médico de primeiros socorros da Cidade do Vaticano. Aí se separaram, colocaram o Papa na ambulância e ele foi na escolta abrindo passagem. Sete minutos depois estavam em Hospital “Agostino Gemelli”.
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“Foi uma aventura, mas conseguimos chegar a tempo. Eu estava conectado com a rádio da polícia municipal e lhes dizia: estamos aqui, fechem esta rua, parem o trânsito, abram, abram. O Santo Padre nunca perdeu os sentidos. Às vezes abria um pouco os olhos e me dizia: obrigado, obrigado. Eu lhe respondia, ânimo, Santidade, ânimo: o que mais poderia lhe dizer?”, lembrou.
Segundo Pasanisi, “no trajeto o Papa falava em polonês com seu secretário, Dom Stanislao e pude apenas entender ‘Czestokowa’, provavelmente referindo-se à Virgem da qual o Papa como todos sabemos é muito devoto”.
Ao chegar ao hospital, “houve momentos de grande comoção. Inclusive um doutor nem sequer atinava em colocar o avental, as freiras choravam, rezavam, se persignavam era uma grande confusão”.
Meia hora depois do atentado, o Pontífice entrava na sala de operações. O Comissário ficou no Hospital até que teve a certeza de que o Papa estava fora de perigo.