MEXICO D.F., 7 de jan de 2016 às 15:45
Em janeiro de 2011, a Ciudad Juárez foi considerada por terceiro ano consecutivo a cidade mais violenta do mundo pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal. Esse ano, a violência encabeçada pelo Cartel de Juárez provocou mais de 3 mil mortes.
Enquanto o fantasma da violência parece ir abandonando a Ciudad Juárez, a visita do Papa Francisco, no próximo dia 17 de fevereiro, a esta cidade localizada na fronteira, leva uma mensagem de esperança.
Ciudad Juárez, com aproximadamente 1 milhão 300 mil habitantes, está localizada no norte do México, na fronteira com os Estados Unidos. Do outro lado do rio Bravo está a cidade americana de El Paso, no estado do Texas. Conhecida originalmente como Passo do Norte, recebeu seu nome atual em homenagem ao ex-presidente Benito Juárez.
Segundo o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal, responsável pela análise da violência mundial a cada ano, a situação na Ciudad Juárez durante 2010 era comparada a situação de Medellín (Colômbia) durante o combate contra o Cartel de Medellín liderado por Paulo Escobar – entre 1989 e 1993 –, e a de Bagdá (Iraque) em 2006.
No momento mais crítico da violência, morriam cerca de 8 pessoas por dia em Ciudad Juárez.
Um dos mortos nesta época de violência foi o pai de Erika Graciela Acosta Campos, assassinado durante um roubo na mercearia da família, instalada dentro da sua casa.
“Que o Papa visite uma cidade tão atingida pela violência nos dá esperança”, assegurou Erika em um vídeo difundido pela Diocese de Ciudad Juárez.
A jovem, atualmente casada e mãe de um bebê de dois meses, recordou que “a onda de violência foi uma mudança muito forte”.
“Nós tínhamos uma mercearia, eles assaltaram o local e meu papai faleceu nessa ocasião”, disse.
O assassinato do pai feriu profundamente a família. “Minha mamãe, por exemplo, deixou de sair, tinha muito temor de sair pela rua. Saía para algo na escola da minha irmã mais nova e ficava muito ansiosa, tremia, ficava rígida, não queria sair”, assinalou.
Ela e suas duas irmãs também sentiam medo, pois nem podiam sentir “a segurança de estar em sua casa. Pois meu papai faleceu em casa”.
Mas, durante os últimos anos diminuiu a violência em Ciudad Juárez. Em 2014, o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal reportou 538 assassinatos, uma redução considerável das mais de 3 mil há alguns anos. Mesmo assim, ainda está no número 27 das 50 cidades mais violentas do mundo, segundo publicação de janeiro de 2015.
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“Atualmente Juárez está se recuperando”, reconheceu Erika, mas advertiu que “ainda permanece muito dessa violência”.
“Nós já estávamos um pouco maiores, mas outras crianças ficaram órfãos muito pequenas e suas mães ficaram solteiras”, lamentou.
Neste contexto, a visita do Papa Francisco a Cidade Juárez leva uma mensagem que “vale a pena seguir”, enquanto seus habitantes esperam “essas palavras de consolo”, como se “alguém tão importante estivesse nos olhando e percebendo este sentimento pelo qual passamos”.
“’Não estou sozinho, alguém sofre comigo ou alguém percebe a minha dor e que isto é difícil’, é o sentimento que brota em cada um de nós ante a viagem apostólica do Papa Francisco”, indicou Erika.
A jovem mexicana recordou que diante do sofrimento da perda do seu pai, a sua família “nos ajudou muito em estar firmes na fé, em Deus, pois Ele porque isto aconteceu conosco”.
“E a comunidade, o carinho, o apoio”, acrescentou a jovem comovida.
A partir de sua própria experiência de vida, Erika assegurou que “estar perto de Deus é o único que nos cura. Não sei, pode sentir raiva, impotência, ficar irritado e de repente chega a um ponto onde quer voltar no tempo, mas não é possível, não vê uma solução e sua única saída vai ser estar firme em Deus, estar firme na sua fé e tentar seguir em frente”.
“Quando chega ao ponto de dizer ‘e agora o que devo fazer?’ A única saída é Deus”, concluiu.
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— ACI Digital (@acidigital) 14 dezembro 2015