Três presos condenados por homicídio na prisão de máxima segurança em Opera (Itália) expressaram seu desejo de dar pessoalmente ao Papa Francisco as hóstias que fizeram com suas próprias mãos no contexto do Ano da Misericórdia.

Em uma carta enviada ao Santo Padre, os três afirmam que têm a esperança “de que nós mesmos, com nossas mãos alguma vez manchadas de sangue, coloquemos em suas mãos abençoadas as hóstias que fizemos, por ocasião do Jubileu (da Misericórdia)”.

“Com a esperança de que nosso sonho possa ser realizado, o saudamos com grande carinho e devoção, Cristiano, Giuseppe e Ciro”, conclui a carta.

Cristiano Vallanzano, Giuseppe Ferlitto e Ciro D'Amora participam no projeto “O sentido do pão”, o qual busca gerar uma tomada de consciência e um processo de reconciliação nos presos por meio da ajuda de sacerdotes. Estes três homens, informa TG2000, foram escolhidos entre 1300 prisioneiros para participar deste programa.

Vallanzano, o mais jovem dos três, deverá permanecer na prisão cerca de 23 anos. Comentou que para fazer as hóstias, começam de manhã: “Fazemos uma pequena oração, rezamos uma Ave Maria, um Pai Nosso, fazemos a massa, tomamos um café, fumamos um cigarro e começamos”.

Além disso, disse que espera “sair ainda jovem (...) Espero, sobretudo, ser perdoado por Deus pelo que eu fiz. Espero estar livre novamente para me casar, ter filhos e formar uma família”.

D’Amora relatou: “Começamos rezando. Isto é uma coisa muito comovente. Pensamos nas pessoas que sofrem, naquelas que causamos seu sofrimento, e oramos”. Com este trabalho, diz, “enviamos uma mensagem aos jovens, para que não façam o que nós fizemos”.

Em seguida, disse Ferlitto: “Fazer com minhas mãos as hóstias que são consagradas para a comunhão é algo muito bonito. Ao trabalhar fazendo as hóstias sempre peço perdão a Jesus, a Deus pelo que fiz”, acrescentou e afirmou que espera que “este trabalho me dê a possibilidade de algum dia poder pedir perdão pessoalmente aos parentes das vítimas”.

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Arnoldo Mosca Mondadori, criador do projeto e fundador da “Casa dello Spirito e delle Arti”, explica que “as hóstias que nascem das mãos de pessoas que cometeram assassinato e serão consagradas na Basílica de São Pedro testemunham que a necessidade de ser salvo pelo amor de Cristo é para todos e não só para quem cumpre uma pena na prisão e que, normalmente, toma consciência dos erros cometidos”.

Uma parte das hóstias feitas por eles serão consagradas pelo Cardeal Antonio María Vegliò, Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, na Missa do Jubileu dos Migrantes no próximo domingo, 17, no contexto do Ano da Misericórdia.

Neste mesmo dia, também é comemorada a 102° Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado com o lema eleito pelo Papa: “Migrantes e refugiados nos interpelam. A resposta do Evangelho da Misericórdia”.

Durante esta Jornada chegará também a São Pedro a Cruz de Lampedusa, outro projeto da Fundação Casa dello Spirito e delle Arti Onlus, elaborada com madeira das barcaças utilizadas por migrantes, abençoadas pelo Santo Padre em 9 de abril de 2014.

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