“Irmã Ana de los Ángeles confirma com sua vida a fecundidade apostólica da vida contemplativa no Corpo Místico de Cristo que é a Igreja”, afirmou São João Paulo II quando beatificou esta religiosa peruana em fevereiro de 1985.

Trinta anos depois desta grande proclamação e 330 anos após a sua morte, um grupo de cientistas brasileiros conseguiu reconstruir o rosto desta grande dominicana do século XVII e o divulgou.

Segundo informações do Arcebispado de Arequipa, os fiéis e as madres dominicanas se reuniram domingo, 10 de janeiro, no templo do Mosteiro de Santa Catarina para o descerramento do rosto da Beata, depois da Eucaristia presidida pelo Arcebispo de Arequipa, Dom Javier Del Rio.

“Hoje celebramos juntos a festa do Batismo do Senhor e de Sor Ana, uma mulher que desde pequena queria fazer parte deste Mosteiro e estava tão apaixonada por Deus que permaneceu aí, sem afastar-se nunca mais de Jesus, entregando a sua vida neste Mosteiro, com muita alegria apesar de muitas dificuldades”, destacou o Prelado.

“Hoje recordamos sua memória, sublinhando sua atenção e amor pelos pobres. Agradecemos a Deus e lhe pedimos que nos conceda esta graça de contemplar a nossa beata com esse amor com o qual ela nos olha agora com desvelamento do seu rosto”, acrescentou.

Depois da Santa Missa, os membros do Ebrafol (Equipe Brasileira de Antropologia e Odontologia Legal), que também trabalhou na reconstrução dos rostos de Santa Rosa de Lima e São Martinho de Lima, apresentaram o rosto da religiosa com idade adulta e em meio à alegria e aos aplausos dos presentes.

No final da cerimônia, a urna que conserva as relíquias da Beata, natural da cidade de Arequipa, foi levada em procissão pelas principais ruas do centro histórico da cidade.

 

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A religiosa Ana de los Ángeles nasceu em 1600, foi educada no Mosteiro de Santa Catarina e decidiu seguir a vida religiosa apesar de sua família ser contra a sua consagração, pois queriam que se case.

Dizem que a Beata teve uma visão na qual Santa Catarina de Sena lhe mostrou o hábito das religiosas dominicanas de clausura e voltou ao mosteiro com a ajuda do seu irmão sacerdote. Com o tempo, fez os votos religiosos e chegou a servir como priora, começando uma grande reforma no mosteiro.

Beata Ana tinha uma relação de proximidade com as almas do purgatório, chamava-as “suas amigas”. Em várias oportunidades anunciava doenças de seus próximos, para alguns predizia a sua cura e em outros casos, a morte inevitável. Acolhia todos os fiéis e membros do clero que precisavam da sua ajuda.

Durante seus últimos anos, ficou cega, tinha dificuldade para caminhar, mas jamais reclamou. Aceitou com humildade suas dores e sofrimentos, convertendo-se em modelo de entrega e de plena confiança em Deus.

A Beata morreu em 1686 e não foi necessário embalsamar seu corpo, porque despedia um bom aroma. Depois de sua morte, aconteceram vários milagres devido a sua intercessão.