Roma, 20 de jan de 2016 às 15:30
O Substituto da Secretaria de Estado, o Arcebispo Angelo Becciu, assegurou que “o Vaticano não é um covil de ladrões. Representá-lo desta forma seria uma falsidade absoluta”.
Assim afirmou o Prelado em uma recente entrevista concedida à revista Panorama, quando, entre outros temas, opina acerca do caso conhecido como Vatileaks 2, no qual dois jornalistas e ex-funcionários da Santa Sé estão sendo processados.
O Arcebispo assinalou também que é “extremamente injusto que nossos dependentes, orgulhosos de desenvolver um serviço para o Papa e para a Igreja, há algum tempo chegaram inclusive a ficar com vergonhar ao dizer que trabalham aqui dentro”.
A respeito dos livros “Via Crucis” de Gianluiggi Nuzzi, e “Avarizia” de Emiliano Fittipaldi – ambos atualmente submetidos a julgamento pelo Vaticano –, o Prelado precisou que “não está em discussão o direito dos jornalistas a publicar as notícias daquela informação que possuem. As dúvidas se referem ao modo através do qual conseguiram estas notícias. Há um processo em curso e já saberemos”.
“Mas me pergunto, por que as fontes dos dois livros que o senhor Nuzzi (o primeiro foi ‘Sua Santidade’ de 2012) escreveu sobre o tema acabaram sempre na prisão? Não me parece um mérito”.
A publicação do primeiro dos livros de Nuzzi sobre os Vatileaks terminou com a prisão e julgamento do mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, que roubou os documentos privados do Santo Padre e os entregou ao autor de “Sua Santidade”.
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Em relação à afirmação de que alguns cardeais deveriam deixar seus apartamentos e mudar-se à Casa Santa Marta, uma proposta feita por Nuzzi, o Arcebispo afirma que “a ideia me parece populista e no limite do ridículo. Fazer com que os cardeais mudem de lugar significa ir contra a vontade de pessoas idosas e, além disso, onde ficariam os sacerdotes, secretários da Secretaria de Estado que atualmente moram em Santa Marta? Teríamos que construir outro lugar para acolhê-los”.
“Sobre a base de um prejuízo ideológico, nos pedem deixar livres os apartamentos e gastar enormes quantidades de dinheiro em novos edifícios. Por acaso isto seria amor aos pobres?”, questionou Dom Becciu.
Acerca do sacerdote espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a relações públicas Francesca Immacolata Chaouqui – ex-funcionários de uma comissão vaticana que também são processados por ter filtrado documentos privados da Santa Sé a Nuzzi e a Fitipaldi –, o Arcebispo assinalou que “a traição de ambos foi como uma bofetada no Santo Padre. Juraram sobre o Evangelho que não revelariam a ninguém o que haviam visto, escutado ou lido durante o seu trabalho”.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 novembro 2015