Devido às inúmeras modificações e diferenças internas políticas que apresentou o projeto de lei de aborto no Chile, a Comissão de Constituição determinou postergar a revisão do documento e posterior votação na Sala de Deputados até março.

Sobre essa questão, as vozes que se levantam pela defesa da vida insistem na proteção e acompanhamento das grávidas em situações vulneráveis. Uma delas é a do membro da Pontifícia Academia para a Vida, Dr. Patricio Ventura-Juncá, que escreveu uma coluna para o jornal El Mercurio, a partir de uma frase de Madre Teresa de Calcutá: “A maior ameaça para a paz é o aborto”.

Em seu artigo, Ventura-Juncá recorda dois momentos nos quais a famosa Beata – que poderá ser canonizada em setembro deste ano – explicou sua frase: em 1979, quando recebeu o prêmio Nobel da Paz, e em 1994, no “Café da manhã de Oração Nacional” dos Estados Unidos.

“O aborto é o pior inimigo da paz, porque se uma mãe é capaz de destruir seu próprio filho, o que me impede de te matar? O que te impede de me matar? Como poderemos dizer aos outros que não se matem? Já não resta nenhum impedimento”, citou o também diretor do Instituto da Bioética da Universidade Finis Terrae.

Ventura-Juncá acrescentou: “A Madre Teresa conhece muito bem as situações angustiantes em que mulheres procuram o aborto e não ficou de braços cruzados. Conheceu mulheres pobres violadas ou que tinham uma criança que provavelmente morreria antes de nascer ou pouco depois e se perguntava: ‘Como persuadir uma mulher para que não pratique um aborto? Como sempre, terá que fazê-lo com amor e recordar que amar significa doar-se até doer”.

“Vou lhes dizer algo formoso. Lutamos contra o aborto com a adoção, cuidando da mãe e adotando a criança. Salvamos milhares de vidas”, escreve.

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O perito em bioética recordou que Madre Teresa também “tinha a sabedoria de encontrar consensos positivos com pessoas que pensavam diferente” e ficou demonstrado depois da conversa entre a religiosa e Hillary Clinton, quando entraram em acordo para abrir uma casa de acolhida para crianças que iam ser abortadas. “Esta casa, inauguraram-na juntas em junho 1995”, comentou Ventura-Juncá.

“Que grande notícia seria para o Chile se em vez de uma lei de aborto começasse com uma lei de acompanhamento a mulheres em situações angustiantes que estão pensando em abortar! Seriam unidas pacificamente forças e não se pressionaria a consciência de muitos parlamentares que por princípio estão por respeitar a vida de todo ser humano, em especial do não nascido incapaz de falar ou defender-se”, concluiu.

Ventura-Juncá se une assim a outros que já se manifestaram a favor da vida e contra o projeto do aborto no Chile, como a ex-senadora democrata cristã Soledad Alvear, a qual assinalou que o texto que querem passar no país é “ideologizado”, “machista” e “precário”.

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