Uma das próximas viagens internacionais do Papa Francisco poderia ser a Armênia, segundo informou hoje o serviço de imprensa da sede de Echmiadzin da Igreja Apostólica Armênia. Trata-se da sede do Supremo Patriarca e Catholicós de todos os armênios.

Há algum tempo existe uma hipótese da visita do Pontífice a este país. Finalmente aconteceria em setembro – a primeira data prevista teria sido junho – e já estaria sendo preparada, segundo o comunicado da Igreja armênia.

Durante os últimos meses, os Cardeais Kurt Koch e Leonardo Sandri, respectivamente Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, visitaram este país.

Fontes confiáveis assinalam ao Grupo ACI que recentemente o Papa disse a um dos embaixadores creditados ante a Santa Sé que a viagem à Armênia poderia se estender também às nações limítrofes da Geórgia e Azerbaijão.

Em setembro de 2014, o presidente armênio, Serzh Sargsyán, viajou em visita oficial ao Vaticano e convidou o Pontífice para visitar o país. Então, ambos dialogaram sobre o papel do cristianismo na história do país e acerca da necessidade de estabelecer uma convivência pacífica entre os povos do Oriente Médio.

Em entrevista a uma agência local em uma das suas viagens, o Cardeal Sandri disse em setembro de 2015 que o Santo Padre acolheu o convite do presidente Serzh Sargsyán e que “guarda em seu coração o desejo de viajar à Armênia”.

A Santa Sé informou no dia da audiência entre o Papa Francisco e o presidente armênio que durante as conversações foi manifestada “a satisfação pelo desenvolvimento e o fortalecimento das relações bilaterais, sublinhando o papel particular do cristianismo na história e na vida da sociedade armênia”.

A respeito da situação política regional, “manifestou o desejo de que as complexas questões irresolutas sejam superadas através do diálogo entre todas as partes interessadas”.

Durante esta conversa, também houve uma atenção especial “à situação das comunidades cristãs e de outras minorias religiosas da região”, assim como “a crise humanitária que concerne aos prófugos procedentes das regiões afetadas”.

O genocídio armênio

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A viagem poderia acontecer dentro de um contexto muito delicado devido à crise aberta com a Turquia há aproximadamente um ano, quando o Santo Padre nomeou São Gregório de Narek como Doutor da Igreja, durante uma cerimônia na Basílica de São Pedro em memória de todos os assassinados por causa de sua fé nos cem anos do genocídio armênio.

Então, o Papa Francisco se referiu ao genocídio dos armênios em 1915, no qual as forças turcas assassinaram mais de um milhão e meio de pessoas, algo que a Turquia sempre negou e cuja menção suscitou um protesto formal ante o Vaticano.

O Pontífice somente repetiu as palavras que São João Paulo II já havia dito, qualificando o ocorrido como o “primeiro genocídio do século XX”.

Estas palavras provocaram o governo da Turquia, que chamou para consulta o representante do Vaticano no país. Em concreto, foi o Ministério de Exteriores turco quem convocou o Núncio Apostólico, Dom Antonio Lucibello, para dar explicações.

O governo turco afirma que, na verdade, o que aconteceu não foi um genocídio e que o número de mortos foi muito menor, como resultado do conflito da Primeira Guerra Mundial. A Turquia considera ainda que muitos turcos também morreram.

Depois deste incidente, a diplomacia do Vaticano e a turca parecem ter acalmado as tensões.

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