O Arcebispo de Bogotá (Colômbia), Cardeal Rubén Salazar Gómez, destacou os passos que estão sendo dados para um acordo entre o governo e as FARC; entretanto, advertiu que não podemos gerar falsas expectativas e acreditar que obteremos a paz por meio da assinatura de um acordo, porque “alcançá-la de verdade, é um dever diário de todos”.

Em entrevista concedida ao jornal ‘El Tiempo’, o Cardeal indicou que “foram dados alguns passos importantes na construção de um país mais fraterno, justo e solidário. A assinatura de uma negociação e o fim de um conflito armado são mais um passo em um contexto muito amplo de ações que devem ser tomadas. Devemos ter isso claro, porque não podemos gerar falsas expectativas: dizendo que assinaram o acordo e o país já está em paz. Alcançá-la de verdade, é um dever diário de todos”.

Do mesmo modo, assinalou que não podemos dizer nada “até chegar o momento no qual o presidente Juan Manuel Santos se reúna com o chefe das FARC para assinar o acordo final. O mais importante é que nós, e apelo especialmente a todos os católicos, peçamos ao Senhor pela paz”, expressou.

Durante a entrevista o Arcebispo disse que também se deve procurar um acordo com o Exército de Libertação Nacional (ELN). “Sem o ELN, uma assinatura de paz com as FARC seria incompleta”, indicou.

Nesse sentido, fez um apelo aos chefes deste grupo “a fim de que sejam conscientes de que a violência não tem sentido. Uma violência ideológica que busca uma mudança política e econômica no país, já não é efetiva”.

Em seguida, o Arcebispo aprofundou acerca deste tema e disse que as negociações privadas com o ELN não chegaram a uma etapa pública, pois as intenções deste grupo “não são tão claras. Parece que ainda não estão convencidos de que devem entregar as armas e que devem cessar a luta armada em uma democracia como a colombiana”. “Tomara que percebam que chegou o momento de acabar com essa violência e de começar outro tipo de participação política”, assinalou.

As causas da violência

Na entrevista, o Cardeal Salazar recordou que há 30 anos a Conferência Episcopal fez uma investigação “a respeito da violência na Colômbia, esta destacou oito fatores que geram a violência. A situação se tornou cada vez mais complicada, por isso hoje temos uma multiplicidade enorme de causas”, indicou.

Nesse sentido, exortou os colombianos para que sejam cada vez mais conscientes, “pois não devem ir aos efeitos, mas às causas desta violência, algo que todos devemos fazer”.

“Um exemplo simples é a família: se não a fortalecermos, se não conseguimos fazer com que uma criança tenha as oportunidades de crescer física e espiritualmente, se não criarmos essas células fundamentais da vida na sociedade, nunca teremos paz”, assinalou.

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Nesse sentido, o Arcebispo insistiu: “Devemos atacar as causas, ir na raiz dos problemas e solucioná-los. Não importa qual o credo religioso, político, a teoria econômica que temos. A chave é unir as forças e colocar o ser humano no centro das preocupações”.

Possível visita do Papa Francisco

Em seu diálogo com a mídia colombiana, o Arcebispo abordou a possível visita do Papa Francisco ao país. Indicou que ainda não há uma data estabelecida, mas “a única certeza é que o Papa vem e, muito possivelmente, será no primeiro semestre do 2017”.

“Nós apresentamos ao Santo Padre um pequeno programa, uma espécie de rascunho do que poderia ser sua visita ao país, o qual foi trabalhado com a Conferência Episcopal. Mas, agora, o Pontífice deve consultar primeiramente os seus assessores e chegar a algumas conclusões”, assinalou.

Do mesmo modo, recordou seu encontro com o Pontífice e esclareceu que as visitas do Santo Padre são apostólicas.

“Não se trata de uma missão política, isso deve ser compreendido claramente desde o princípio: o Papa não é um político. Ele é o pastor da Igreja Católica, portanto sua visita terá um objetivo evangelizador. Virá nos trazer a luz do evangelho e virá iluminar situações concretas pelas quais estamos passando no nosso país”, expressou.

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