Mais de duas centenas de cristãos paquistaneses estão detidos atualmente na Tailândia. Essas pessoas fugiram de seu país por causa da perseguição religiosa. Mas, após verem vencido o prazo de 90 dias para o processo do requerimento de asilo no novo país, acabam se tornando ilegais e indo para a prisão.

De acordo com o que assinalou a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), esses cristãos paquistaneses gozam de um estatuto especial conferido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), por causa da perseguição de que são alvo.

Entretanto, cerca 200 a 250 cristãos estão detidos em prisões tailandesas e assim deverão continuar até que os respectivos processos de asilo estejam concluídos.

No total, indica a ACN, calcula-se que aproximadamente de 10 mil paquistaneses vivam na Tailândia, a maioria sem visto válido de permanência no país, o que os coloca na mira das autoridades locais.

De com a Associação Cristã britânico-paquistanesa, uma das organizações presta localmente alguma assistência a esta comunidade religiosa, aqueles cristãos que foram presos na Tailândia se encontram em “celas superlotadas e insalubres”.

Entre os motivos que levam esses cristãos a fugirem do Paquistão está a perseguição religiosa que sofrem no país, onde há relatos de graves ameaças por parte de grupos muçulmanos radicais, agressões físicas e até mesmo assassinatos por causa da fé.

A Associação Cristã britânico-paquistanesa indica que na origem da maior parte dessa perseguição estão falsas acusações de blasfêmia.

No Paquistão, a Lei de Blasfêmia reúne várias normas contidas no Código Penal, inspiradas diretamente na Shariah – lei religiosa muçulmana – a fim de sancionar qualquer ofensa com palavras ou obras usadas contra Alá, Maomé ou o Corão. A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo supõe o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou morte do acusado.

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No novo país, porém, se deparam com uma situação extremamente complexa. Apesar de terem direito a assistência oficial, por serem requerentes de asilo, seus processos enfrentam uma enorme morosidade. Dessa forma, o prazo oficial de 90 dias é excedido e esses cristãos, estando ilegalmente na Tailândia, caem nas malhas das autoridades tailandesas.

Segundo a Fundação ACN, há relatos de processos que “demoram mais de cinco anos”. Durante todo esse período, estes cristãos ficam em uma situação particularmente vulnerável, pois, estando indocumentados, ficam também impossibilitados de trabalhar legalmente e assim se sustentar.

A maior parte destes cristãos paquistaneses se encontra na região de Bangcoc, a capital tailandesa, em lugares como Charansanitwong, Pracha-Uthit, Onnuj, e ainda na província de Samut Prakarn.

Além desses cerca de 10 mil paquistaneses que vivem atualmente na Tailândia, estima-se que outros quatro mil fugiram para a Malásia e dois mil para o Sri Lanka, por causa da perseguição religiosa da qual são vítimas no seu país.

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