Mais de 65 pessoas morreram e 250 ficaram feridas logo depois de um atentado suicida no Paquistão, em um parque onde um grande número de cristãos celebravam a Páscoa da Ressurreição.

 

Ehsanullah Ehsan, porta-voz do grupo terrorista talibã Jammat-ul-Ahrar, disse aos jornalistas que “realizaram esta abençoada operação” que tinha como alvo “o festival cristão de Páscoa”.

A agência AFP informa que a explosão ocorreu em um parque do centro da cidade de Lahore onde os cristãos haviam chegado para as celebrações pascais.

Diversas ambulâncias chegaram ao lugar, onde havia uma grande quantidade de mulheres e crianças feridas.

“O número de mortos aumentou a 56. As operações de resgate continuam trabalhando”, declarou a AFP, Muhammad Usman, umas das autoridades de Lahore.

Ataques a cristãos

No Paquistão, o ódio aos cristãos, que são uma minoria religiosa, parece não ter limites.

Na primeira semana de janeiro deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou várias bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e na região de Punjab queimaram uma igreja protestante.

Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por rechaçar casar-se com um muçulmano. A mulher não morreu mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.

Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos queimou um adolescente por declarar: “sou cristão”. O jovem morreu logo depois de perdoar os seus homicidas.

Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro de Youhanabad, em Lahore, causando cerca de 14 mortes e 80 feridos.

Naquela ocasião, o Papa Francisco recordou que o ataque havia sido dirigido às “igrejas cristãs. Os cristãos são perseguidos. Nossos irmãos derramam sangue somente porque são cristãos”.

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Assim como estes, muitos outros incidentes ocorrem no Paquistão, onde os cristãos são constantemente perseguidos e assassinados por extremistas muçulmanos.

Lei de blasfêmia

A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Sharia – lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão.

A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo pode supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte do acusado.

A lei de blasfêmia é usada com frequência para perseguir à minoria cristã, que está acostumado a ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e às posições de função pública.

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Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta norma é o da mãe e esposa católica Asia Bibi.

Em junho de 2009, Asia trabalhava em Sheikhupura, perto de Lahore, Paquistão. Em certa ocasião, aproximou-se de um poço local para beber um pouco d´água, suas companheiras – todas muçulmanas – a acusaram de ter poluído a água inteira para o resto de trabalhadores, apenas pelo fato de ser cristã.

No dia seguinte, ela foi atacada por um grupo de muçulmanas e levada a uma delegacia “para sua segurança” e lá foi acusada de blasfêmia contra Maomé.

Desde sua prisão, denunciou ser perseguida em razão de sua fé e negou ter insultado o Islã.

Há alguns meses, a família de Asia saudou o Papa Francisco graças as ações da plataforma HazteOir. Na ocasião, o Santo Padre disse ao esposo desta mulher católica e mãe de cinco filhas que reza por ela e pela sua libertação.

Asia Bibi está há mais de cinco anos presa injustamente no Paquistão, desde que foi condenada em 8 de novembro de 2010.

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