ROMA, 28 de mar de 2016 às 18:00
Milhares de muçulmanos radicais pediram hoje a rápida execução de Asia Bibi, mãe católica condenada à morte em 2010, acusada injustamente de ter ofendido Maomé.
Segundo informações da agência Ansa, os extremistas islâmicos se enfrentaram com a polícia na zona “vermelha” de alta segurança de Islamabad, capital do Paquistão, e apresentaram um documento ao governo do premier Nawaz Sharif com 10 pedidos.
Além da “aceleração da execução de Asia Bibi”, reclamam não modificar a lei de blasfêmia e o reconhecimento do “martírio” de Mumtaz Qadri, o guarda-costas enforcado em fevereiro por ter matado em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, um dos poucos que defendeu publicamente Asia Bibi.
Islamistas reclaman que el asesino del defensor de Asia Bibi sea reconocido como mártir https://t.co/PwWnrkgg78 pic.twitter.com/jDOi38e5yH
— Actuall (@actuallcom) 28 de março de 2016
Qadri matou Taseera a tiros e disse que o fez porque ao defender uma cristã era um “blasfemo”.
A imprensa local informou na manhã de hoje que aproximadamente dois mil radicais permaneceram na zona “vermelha”, em frente ao Parlamento, a fim de pressionar o governo. Cerca de 70 pessoas foram presas hoje.
Depois da manifestação, as autoridades paquistanesas reforçaram as medidas de segurança na prisão de Multan, onde Asia Bibi espera uma resposta ao recurso que seu advogado apresentou ao Tribunal Supremo para tentar impedir que seja sentenciada a condenação à morte.
Asia Bibi
Em junho de 2009, Asia trabalhava em Sheikhupura, perto de Lahore, Paquistão. Em certa ocasião, aproximou-se de um poço local para beber um pouco de água, suas companheiras – todas muçulmanas – a acusaram de ter poluído a água inteira para o resto dos trabalhadores, apenas pelo fato de ser cristã.
No dia seguinte, ela foi atacada por um grupo de muçulmanas e levada a uma delegacia “para sua segurança” e lá foi acusada de blasfêmia contra Maomé.
Desde sua prisão, denunciou ser perseguida em razão de sua fé e negou ter insultado o Islã.
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Há alguns meses, a família de Asia saudou o Papa Francisco graças às ações da plataforma HazteOir. Na ocasião, o Santo Padre disse ao esposo desta mulher católica e mãe de cinco filhas que reza por ela e pela sua libertação.
Lei de blasfêmia
A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Sharia – lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão.
A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo pode supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte do acusado.
A lei de blasfêmia é usada com frequência para perseguir a minoria cristã, que está acostumado a ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e às posições de função pública.
Campanha de assinaturas
A plataforma cidadã HazteOir lançou um abaixo-assinado a fim de solicitar ao presidente do Paquistão, Mamnoon Hussain, que defenda Asia Bibi.
Nas mesquitas do país, disseram na sexta-feira passada o seguinte: “Devem executar como blasfema Asia Bibi o mais rápido possível e não devemos ceder à pressão internacional".
Com esse objetivo, os extremistas muçulmanos saíram pedindo a morte desta mãe católica.
Para assinar este abaixo-assinado de HazteOir, clique aqui: http://hazteoir.org/persecucion/alerta/90054-ejecutar-blasfema-asia-bibi
Confira ainda:
Dor do Papa por atentando anticristão no Paquistão: chega de ódio homicida https://t.co/3LCnBXNdN3
— ACI Digital (@acidigital) 28 de março de 2016