O Arcebispo do Lahore, Dom Sebastian Francis Shaw, visitou e consolou diversos feridos, entre eles várias crianças cristãs e muçulmanas, atingidos no massacre perpetrado por terroristas muçulmanos nessa cidade do Paquistão no Domingo de Páscoa.

Em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o Prelado afirma que visitou “cada vítima na sua cama de hospital independentemente da sua fé. Foi realmente muito difícil, porque vi realmente muitas crianças de apenas 4 ou 5 anos, cristãs e muçulmanas, feridas ou assassinadas neste terrível atentado”.

O Arcebispo fez estas declarações após visitar em um hospital de Lahore alguns dos quase 300 feridos pelo atentado.

“Animo os meus fiéis a não perder a esperança porque, ainda que atravessando um período de grandes dificuldades, devemos aprender a reerguer-nos, assim como Jesus soube levantar-se ao carregar a cruz. E assim devemos ser capazes de avançar apesar do peso da cruz, porque Deus está sempre conosco”.

O Prelado explicou que depois do atentado do ano passado contra duas igrejas cristãs no distrito do Youhanabad, “temíamos que pudesse repetir-se a desgraça, pelo que o Governo procurou prover-nos de todas as medidas de segurança necessárias para proteger as igrejas, mas ninguém pensou nos parques públicos”.

O Paquistão é um país majoritariamente muçulmano, onde 97 por cento dos 182 milhões de habitantes professam esta religião.

Ehsanullah Ehsan, porta-voz do grupo terrorista talibã Jammat-ul-Ahrar, disse que “realizaram esta abençoada operação (o atentado)” que tinha como alvo “o festival cristão de Páscoa”.

Uma das expressões que fazem parte do sistema legal desse país é a chamada lei de blasfêmia, que agrupa várias normas inspiradas na lei religiosa muçulmana para sancionar qualquer ofensa contra Alá, Maomé ou o Corão.

A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo pode supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte do acusado.

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À Fundação ACN, o diretor da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Paquistanesa, Peter Jacob, confirmou à que os terroristas procuraram fazer o maior número de vítimas possível e atingir em particular a comunidade cristã. 

Ele sublinha que há um aumento do empenho do Exército e do Governo do Paquistão frente ao terrorismo. Dessa forma, não exclui a possibilidade de que a escolha do parque Gulshan Iqbal tenha sido uma maneira de “enviar um aviso às autoridades, uma vez que o local fica próximo à casa da família do primeiro-ministro Nawaz Sharif.

Além disso, conforme assinalado pela Fundação Pontifícia, o atentado poderia ter relação com as tensões surgidas após a execução de Mumtaz Qadri, que em 2011 assassinou o governador do Punjab, Salmaan Taseer, por ter criticado a lei antiblasfêmia. 

Qadri era tido por muitos muçulmanos como um herói porque tinha assassinado um homem considerado blasfemo e, por isso, sua execução foi adiada durante muito tempo. Depois da sua morte surgiram protestos por todo o país.

Na manhã de ontem, o Papa Francisco presidiu a oração do Regina Coeli no Vaticano. Diante dos milhares fiéis reunidos no Vaticano, o Santo Padre expressou sua “proximidade a quantos foram atingidos por este crime vil e insensato, para então rezar junto com os fiéis na Praça São Pedro pelas numerosas vítimas e por seus familiares”.

O Papa fez um apelo “às autoridades civis e a todos os componentes sociais do Paquistão, para que não meçam esforços para proporcionar segurança e serenidade à população e, em particular, às minorias religiosas mais vulneráveis”.

“Repito, mais uma vez, que a violência e o ódio homicida conduzem somente à dor e à destruição; o respeito e a fraternidade são a única estrada para se chegar à paz”.

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