Todo ano, no dia 25 de março – nove meses antes do Natal –, a Igreja celebra a Solenidade da Anunciação. Entretanto, como neste ano a data coincidiu com a Sexta-feira Santa, foi transferida para o primeiro dia após o Domingo da Misericórdia, ou seja, este 4 abril.

Em artigo intitulado “E o Verbo se fez Carne”, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, assinala que “a catequese sempre fez coincidir a Anunciação e a Encarnação”.

“Estes mistérios – explica o Cardeal – começaram a ser celebrados liturgicamente, provavelmente depois da edificação da basílica constantiniana sobre a casa de Maria, em Nazaré, no século IV”.

Uma festa que durante séculos teve, sobretudo, caráter mariano mas que, após o Concílio Vaticano II, o Beato Paulo VI lhe devolveu o título de “Anunciação do Senhor”. Dessa forma, sublinha o Arcebispo, o Papa repôs o “seu caráter predominantemente cristológico”.

Trata-se, explica, de uma “celebração (que) era e é festa de Cristo e da Virgem: do Verbo que se torna filho de Maria, e da Virgem que se torna Mãe de Deus (Marialis cultus 6)”.

Nesta festa, o tema central “é o Verbo Divino, que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço”.

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Conforme ressalta o Cardeal, contempla-se neste dia “o mistério do Deus Todo-Poderoso, que, na origem do mundo, cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor”, como apresenta o Evangelho de São Lucas, em seu capítulo primeiro.

Dom Orani recorda que esta solenidade “é o dia de proclamarmos: ‘E o Verbo se fez carne e habitou entre nós’”, fazendo assim, “memória do início oficial da Redenção de todos”. Mas, também é a festa para “celebrar o ‘fiat’ (faça-se) da Virgem Maria, que pôs fim à espera de Adão, de Abraão, de Davi, de todos os Patriarcas e Profetas e também a nossa, pois estávamos esmagados pela sentença da condenação”.

Ao citar as palavras do Credo Niceno-Constantinopolitano, o Arcebispo do Rio explica que a tradição ensina que “o Filho de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, se fez carne no ventre da Virgem Maria, que O concebeu antes de tudo em seu coração por meio do seu ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’”.

Em síntese, o Purpurado demonstra que nesta festa se observa “a explicitação da disponibilidade de ambos para fazerem a vontade divina; é uma disponibilidade separada por qualidade e quantidade de consciência, mas que converge na finalidade de obediência total ao projeto de Deus: ‘Ecce venio, ecce ancilla’, eis que venho! Eis a serva!”.

“A atitude de obediência irá aproximar a mãe e o filho, Maria ‘anunciada’ e Jesus Cristo ‘anunciado’. Ambos pronunciam o seu ‘Eis-me aqui’”, indica.

Por fim, nesta data, o Cardeal convida todas a rezarem com a Igreja: “Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.