Vaticano, 5 de abr de 2016 às 19:30
A Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) confirmaram na segunda-feira que no dia 1º de abril aconteceu um encontro entre o Papa Francisco e o superior geral dos lefebvristas, o bispo Bernard Fellay, no Vaticano.
A notícia, divulgada pelo jornal italiano Il Foglio, foi confirmada pelo Vaticano à imprensa.
Por sua parte, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X indicou em um comunicado que o Papa recebeu Fellay na Casa Santa Marta, e que ele estava acompanhado pelo Pe. Alain-Marc Nely, segundo assistente geral da sociedade sacerdotal.
“O Papa Francisco queria uma reunião privada e informal, sem a formalidade de uma audiência oficial. Esta durou aproximadamente 40 minutos e foi um encontro cordial”, assinalou a FSSPX.
“Depois da reunião, foi decidido manter o intercâmbio. O estado canônico da Sociedade não foi abordado diretamente, o Papa Francisco e o bispo Fellay determinaram que estes intercâmbios devem continuar sem pressa”, assinalou.
O comunicado da Sociedade Sacerdotal acrescentou que no dia 2 de abril o bispo Fellay se reuniu com o Arcebispo Guido Pozzo, secretário da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, escritório do Vaticano da Congregação para a Doutrina da Fé responsável por discussões doutrinais com a FSSPX.
A FSSPX foi fundada pelo Arcebispo Marcel Lefebvre em 1970, como resposta ao que descreve como os erros na Igreja depois do Concílio Vaticano II. Suas relações com a Santa Sé se tornaram mais tensas em 1988 quando Lefebvre consagrou quatro bispos sem permissão de São João Paulo II.
A consagração ilícita teve como consequência a excomunhão dos cinco bispos; as excomunhões foram retiradas em 2009 por Bento XVI e desde então as negociações entre a Sociedade e o Vaticano continuaram para “reencontrar a plena comunhão com a Igreja”.
Em remissão da excomunhão, Bento XVI também assinalou que “as questões doutrinais obviamente permanecem e, até serem esclarecidas, a Sociedade não tem estado canônico na Igreja e seus ministros não podem exercer legitimamente nenhum ministério”.
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O maior obstáculo para a reconciliação da sociedade foi as declarações sobre a liberdade religiosa na declaração do Vaticano II Dignitatis Humanae, a qual, afirmam, contradiz o anterior ensinamento católico.
As discussões doutrinais entre a FSSPX e a Congregação para a Doutrina da Fé terminaram no verão de 2012, quando o superior geral da sociedade, o bispo Bernard Fellay, não assinou um preâmbulo doutrinal apresentado por Roma. Entretanto, as conversações entre o CDF e a sociedade se reataram em 2014.
Desde então, vários movimentos sugeriram uma aproximação nas relações entre o Vaticano e a FSSPX.
Em 2015 a Santa Sé delegou um cardeal e três bispos para visitar os seminários da FSSPX. Foram enviados para conhecer melhor à sociedade e para discutir temas doutrinais e teológicos em um contexto menos formal.
Do mesmo modo, Francisco anunciou em uma carta em setembro 2015, pelo Ano Jubilar da Misericórdia, que durante o ano jubilar os fiéis podem válida e licitamente receber a absolvição dos seus pecados pelos sacerdotes da FSSPX.
No texto, o Papa confiou em que futuras soluções possam “recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e superiores da Fraternidade”.
Confira ainda:
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— ACI Digital (@acidigital) 2 de setembro de 2015
Confissão com sacerdotes lefebvristas será válida no Ano da Misericórdia pic.twitter.com/vww11Aup11