LIMA, 21 de jun de 2004 às 19:11
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta manhã, porta-vozes da Conferência Episcopal Peruana (CEP) lamentaram que a Ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, tente negar o efeito abortivo da pílula do dia seguinte com um teste realizado na Suécia sobre uma mostra de apenas seis mulheres.
O Bispo Auxiliar de Lima e Vice-presidente da Comissão Episcopal da Família, Dom José Antonio Eguren, declarou ter ficado muito chocado com as declarações da Ministra em um programa jornalístico, durante o qual reconheceu que para ela “bastam 12 mulheres” para gerar uma controvérsia mundial.
À noite, em um intensa entrevista no programa televisivo “Cuarto Poder”, Mazzetti reiterou que para ela a pílula do dia seguinte não tem um efeito anti-implantatório porque o estudo mencionado é contundente. Entretanto, não disse que das doze mulheres da mostra apenas seis consumiram Levonorgestrel 0.75 mg, nombe genérico da polêmica pílula.
O Bispo, que tinha a referência exata do estudo, lamentou que com “seis mulheres” se faça “uma política de saúde para todo um país” e acrescentou que a decisão da Ministra não parece “médica ou científica” mas política.
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Dom Eguren insistiu em que ao estar provado que o fármaco pode evitar a implantação de um óvulo fecundado, a Ministra está consentindo a venda e distribuição de uma substância inconstitucional. No Peru, a Carta Magna consagra a defesa do concebido.
“Este não é um assunto de crença mas de ciência. A defesa da vida não é um tema confessional, mas de humanidade”, esclareceu o Prelado em alusão aos ataques de ONGs feministas abortistas que querem deixar a Igreja fora do debate, taxando quem denuncia o efeito abortivo do fármaco de “conservador ou fundamentalista”.
Anteriormente, o Secretário Geral do Episcopado, Dom Juan José Larrañeta, indicou que a Igreja ainda não esgotou o diálogo com o governo sobre este tema e reconheceu que já conversaram com o Presidente Alejandro Toledo.
Os médicos e juristas que acompanharam os bispos na apresentação das provas científicas que falam do mecanismo anti-implantatório, apoiaram a posição da Igreja e lamentaram que a Ministra “tenha se deixado enganar” pelos que desejam promover um fármaco abortivo ocultando este efeito aos consumidores.