Lisboa, 23 de abr de 2016 às 10:00
“Por causa deste conflito já morreram cerca de 10 mil pessoas e há, atualmente, na Ucrânia, cerca de 1,5 milhões de refugiados”. Este relato é da responsável pelos projetos da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) no Leste da Europa, Magda Kacvmarek, sobre a situação que vivem no país.
Desde abril de 2014, setores orientais da Ucrânia que querem sua separação para se encorpar à Rússia enfrentaram as forças armadas do país. Há algumas semanas, o Papa Francisco fez o anúncio da realização de uma coleta em favor deste país, que será realizada no próximo domingo, 24, em toda a Europa.
O anúncio do Pontífice foi recebido com entusiasmo pela comunidade local, que vê agravar-se a situação do país, a qual tende a cair no esquecimento da comunidade internacional.
Para Magda Kacvmarek, esta foi “uma notícia muito boa”, pois desde o agravamento da situação dos refugiados no Velho Continente, “nunca mais ninguém falou na Ucrânia nestes últimos meses, embora todos os dias morram pessoas, em especial no Leste do país”, região onde, de acordo com ela, ocorre a chamada “operação antiterrorismo”.
Além de retomar o foco da opinião pública para o conflito na Ucrânia, Kacvmarek assinala que a iniciativa do Papa Francisco poderá permitir um auxílio concreto a milhares de pessoas que se encontram numa situação humanitária preocupante.
Segundo declarações à Fundação ACN, Kacvmarek reconhece que, nesta região, em que se vive de certa forma um estado de guerra não declarado, “as pessoas tentam sobreviver e são, na sua maioria, doentes, idosos e crianças”.
A região da fronteira com a Rússia é onde se registram situações mais problemáticas, onde a Igreja ucraniana tem procurado concentrar os seus esforços no trabalho assistencial.
Com a situação de guerra e uma economia debilitada, a responsável pelos projetos da ACN indica que as populações precisam de muitas coisas, sendo “principalmente pessoas que vivem em pequenas aldeias e que necessitam de assistência médica, medicamentos, roupa, sapatos, alimentos, leite para as crianças, alimentos sem glúten, velas, geradores de eletricidade…”.
Corrupção endêmica
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Neste cenário, Kacvmarek reconhece ainda que “a corrupção é, de fato, o maior problema”.
“Há quatro anos – recorda – estive durante um breve período de tempo no hospital, na Ucrânia. Em primeiro lugar temos de ir à farmácia e pagar todos os medicamentos, as injeções, o algodão, os comprimidos, as gotas e tudo aquilo de que precisamos, e só então podemos ir ao médico”.
Este retrato de um país economicamente muito debilitado foi subscrito também por Dom Jan Sobilo, Bispo auxiliar de Járkov-Zaporiyia, na Ucrânia Oriental, durante uma visita recente à sede internacional da ACN, em Köningstein, na Alemanha.
À Fundação Pontífice, o Prelado contou que “a pobreza” em muitos setores da população “é horrível”, e que não está presente apenas entre os deslocados, mas particularmente nas zonas rurais onde faltam bens de primeira necessidade como “medicamentos e alimentos”.
Sobre a coleta em favor da Ucrânia anunciada pelo Papa Francisco, Dom Jan Sobilo expressou o desejo de que este gesto represente um passo concreto na reconciliação do seu povo.
“Rezo para que os frutos desta coleta não aliviem apenas as necessidades materiais, mas também curem as feridas que as pessoas se infligiram mutuamente e que acelerem o processo de perdão e de reconciliação”, concluiu.
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— ACI Digital (@acidigital) 20 de abril de 2016