RIO DE JANEIRO, 2 de jun de 2016 às 14:00
Uma carência de valores na sociedade é o que reflete o caso do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Rio de Janeiro e a posterior divulgação de vídeo e fotos na internet. Foi o que constatou o Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte, segundo quem, o fato deve ser analisado do ponto de vista ético.
Para ele, o caso que ganhou repercussão mundial não se trata “apenas de um fato chocante”. “Estamos vendo a ponta de um iceberg que as pessoas não querem ver ou, vendo, fingem não ver, que é a crise de valores”, indicou o Prelado.
“Em primeiro lugar – pontuou –, esta situação que infelizmente vivemos em nossa sociedade é algo inadmissível, que não deve ser analisado com um viés que não seja o ético. É preciso fazer uma análise ética e, assim, procurar o porquê de esse fato ter ocorrido”.
O Bispo, que também é o referencial para a Vida e a Família do Regional Leste 1 da CNBB, assinalou que “quando se vai em busca de uma reposta ética, encontramos uma carência muito grande de valores humanos, em relação à mulher, à sexualidade, ao respeito, à família, à segurança, à educação”.
Nesse sentido, destacou que não se pode “fazer apenas uma análise envolvido pela emoção do momento ou levado por um viés ideológico”.
Ao reforçar que o estupro é algo inadmissível, Dom Antônio explicou que “o ato sexual, segundo os planos de Deus, é um momento especial entre o homem e a mulher”, sendo assim, “não deve ser banalizado com o estupro ou então sendo tomado como um ato de diversão”. “Isso não enaltece o relacionamento respeitoso entre o casal, o homem e a mulher”, acrescentou.
Além disso, o Prelado comentou sobre o amparo que a Igreja deve oferecer às pessoas que passam por situações como essa. De acordo com ele, “a Igreja, no seu rosto mais expressivo, é mãe e, como mãe, sabe que todo filho que sofre deve ser acolhido e ficar mais protegido de futuras doenças, e não digo doenças físicas, mas sim da crise de valores”.
“Ao acolher essa pessoa, deve mostrar que ela não é um objeto, mas filha de Deus. Além do apoio psicológico, social, é preciso mostrar a essa pessoa um Deus que é Pai, misericordioso, amoroso”.
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Na internet, é preciso prudência
O caso do estupro cometido contra a adolescente foi ainda agravado pelo fato de um vídeo e fotos do caso terem sido divulgados na internet. Em relação a isto, Dom Antônio Augusto sublinhou que “a internet se socializou tanto que passou a ser um palco, que muitas vezes se torna útil para difundir valores e culturas que tiram o discernimento”.
O Prelado observou que em muitos casos, a difusão de qualquer fato pela rede “é feito sem prudência” e advertiu que, na rede, “não sabemos a quem aquele conteúdo pode chegar”.
Ele alertou que pode ocorrer de tal conteúdo ser consumido por “pessoas que despertem uma reação ruim, passando a considerar aquilo normal e copiando esse comportamento”. Isso, ressaltou o Bispo, não apenas em relação ao caso do abuso sexual, mas também “à violência, ao respeito mútuo, entre outros”.
Por isso, aconselhou que a internet “deve ser utilizada com prudência, discernimento e inteligência”. “É preciso usar com maturidade”, completou.
Confira também:
Membro da Pastoral do Menor sobre estupro de jovem exibido na internet: “Ato desumano” https://t.co/qzTm6FFuB5
— ACI Digital (@acidigital) 1 de junho de 2016