NOVA DELHI, 6 de jun de 2016 às 20:00
A religiosa indiana Irmã Meena Barwa perdoou os fundamentalistas hindus que a agrediram e violentaram durante a sangrenta perseguição anticristã que aconteceu no estado de Orisa em 2008.
“A violação em grupo foi uma experiência horrível e depois foi mais doloroso ainda. Mas perdoei aqueles que me violentaram e a todos aqueles que assassinaram, saquearam e queimaram lares. Isso me libertou. Eu gosto de citar São Paulo: ‘Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada’”, assegurou em diálogo com Global Sisters Report.
Barwa, de 34 anos, pertence às Servas de Maria, uma congregação indiana da Odisha, um estado da Índia oriental. Ela foi uma das vítimas da pior violência anticristã na história moderna da Índia.
Os ataques ou revoltas contra os cristãos começaram em 24 de agosto do 2008, um dia antes de Barwa ser violentada, e duraram 4 meses. Morreram mais de 90 pessoas, 395 igrejas e outros lugares de culto foram destruídos.
Aproximadamente 56.000 pessoas foram deslocadas e terminaram na miséria.
“Fui atacada porque sou membro de um grupo minoritário. Os fundamentalistas me atacaram porque queriam destruir e acabar com o cristianismo, ofender e infligir dor sobre mim e sobre a Igreja”, assinalou Barwa.
Deste modo, relatou que desde que aconteceu este incidente foi obrigada a viver longe da sua congregação e comunidade.
“Não acompanho todos os rituais religiosos e me visto como uma leiga. Entretanto, vivi minha vida ao máximo como cristã e como religiosa. É verdade que passei pela humilhação, vergonha, medo e a ameaça de morte. Mas também experimentei abundante riqueza, honra, coragem e proteção de Deus”.
Barwa foi assistente social de um centro pastoral em Divya Jyoti (‘Luz Divina’), uma das instituições das igrejas incendiadas localizada no distrito do Kandhamal, em Odisha. Além disso, havia feito os seus votos na congregação apenas há alguns meses.
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Também assegura ter superado o trauma através da oração e possuir a fortaleza para lutar contra seu caso na corte do seu país, onde a maioria das vítimas de violação se escondem pela vergonha.
“Atualmente, vivo uma vida normal devido à misericórdia, aceitação e amor de Deus. Conheci muitas pessoas que chegaram como anjos para me apoiar e animar. Superei aproximadamente 90% do trauma”.
As últimas estatísticas do National Crime Bureau reportam que aproximadamente 93 mulheres são violentadas por dia na Índia.
“É chocante escutar este tipo de estatísticas. Cada vez que escuto a respeito da violação de uma mulher, sinto que uma parte de mim continua sofrendo. As mulheres são consideradas frágeis e sub-humanas na Índia. A violação é o delito mais cruel porque nossa sociedade estigmatiza suas vítimas. Em muitos casos, a mulher morre ou se suicida”, comentou a religiosa.
Hoje em dia, Barwa estuda Direito para ajudar as mulheres e crianças que correm perigo. Nos últimos dois anos, trabalhou no escritório de uma escola que, segundo ela, lhe deu certa estabilidade em sua vida.
“O doloroso incidente me ensinou a enfrentar desafios, a ser valente. Ajudou confiar em Deus completamente e a entender os seus planos para mim. Deus me deixou viver para ver sua glória e estar agradecida com Ele. Também me tornei mais otimista”, expressou.
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— ACI Digital (@acidigital) 2 de junho de 2016