BUENOS AIRES, 18 de mai de 2005 às 15:20
Em uma recente entrevista, a senadora Mônica Litza afirmou que "não está comprovado que a legislação do aborto diminua os abortos clandestinos, nem a quantidade de abortos, basta olhar os índices de outros países, por exemplo os da Espanha, onde ocorre isto".Em diálogo sustentado com a agência Nova, a senadora de justiça assinalou também que outro argumento falacioso é "dizer que a clandestinidade traz as conseqüências quando advêm da prática mesma do aborto. Um aborto sempre é arriscado".
Litza acredita que o assunto do aborto é muito importante e que se deve informar bem porque existe a "obrigação ética de dizer a verdade, não falar com eufemismos, porque senão seria induzir o pensamento das pessoas. Por exemplo, os que estão a favor da legalização argumentam, entre outras coisas, que a mulher tem que ter direito a decidir sobre seu próprio corpo quando, na realidade, a partir do momento da concepção começa a vida de uma pessoa humana diferente do pai e da mãe. Então já não se trata de decidir sobre o próprio corpo".
Ao ser perguntada pelas diferenças entre as mulheres pobres e as que têm dinheiro e acesso à prática do aborto, indicou que "no geral são médicos os que se dedicam a fazê-los e igualmente há conseqüências, as complicações não só se dão nos casos praticados por parteiras" e acrescentou que "além disso, há muitas síndromes pós-aborto que vão sofrer os que fizeram um aborto na melhor clínica, no melhor consultório de Bairro Norte, ou em um fundo de quintal".
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Do mesmo modo, manifestou com firmeza que "quando se fala de interrupção da gravidez, que é outro eufemismo, fala-se de tirar a vida de alguém. Sabe-se que aos 18 dias há um coração que está pulsando, não é como ir ao dentista a tirar um molar".
Por outro lado, Litza assegurou que "é perverso que pelas condições de pobreza do país se proponha como saída o aborto. A proposta tem que ser que cada vez haja menos pobres e não que os pobres tenham menos filhos".
"O aborto não é a solução dos que dizem preocupar-se com as mulheres mais pobres. Não irá mudar a vida de uma família porque em lugar de 6 filhos tenha 5. Não podemos propor um mal para obter um bem, como argumentam os que defendem a legalização. Além disso, quando se aborta não é só uma questão de mulheres, mas também de homens", asseverou.
Finalmente, a senadora de justiça comentou um projeto de lei que apresentou no qual propõe "avançar sobre a prevenção, a instrução, a transmissão dos valores. Não é somente distribuir preservativos sem dar o conteúdo do que são as relações sexuais". "Que as políticas não se esgotem em distribuir métodos anticoncepcionais sem dar também uma mensagem", concluiu.