O Patriarca católico caldeu de Bagdá (Iraque), Dom Louis Sako, condenou o duplo ataque suicida deste domingo cometido pelo Estado Islâmico (ISIS), que causou até o momento a morte de 213 pessoas e aproximadamente 230 ficaram feridas. Ele assinalou que a pequena comunidade católica rezou pelas vítimas e expressou sua solidariedade às famílias.

 

Dos dois ataques, o mais mortífero ocorreu às 00h45 em um mercado de Al Karrada, um bairro de maioria xiita e com uma pequena comunidade cristã, onde explodiu um caminhão frigorífico. Nesse momento os fiéis muçulmanos acabavam de fazer o jejum de Ramadã.

O segundo carro-bomba explodiu perto do mercado de Shalal, no distrito de Al Shaab, causando a morte de aproximadamente 5 pessoas e 16 feridas.

“Condenamos estes ataques, foi verdadeiramente um massacre. Muitas famílias foram destruídas”, expressou o Patriarca católico em uma entrevista difundida hoje pela Rádio Vaticano.

Ante isso, Dom Louis Sako disse: “Ontem fui rezar nos locais onde ocorreram os atentados e acendi uma vela junto com alguns sacerdotes. Uma mulher me disse: ‘perdi sete filhos’”.

O Patriarca assinalou que os ataques do ISIS são “uma ofensa para toda a humanidade, contra todos os valores” e indicou que cerca de cem fiéis de sua paróquia também foram rezar pelas vítimas. “Caminharam por vinte minutos para rezar e mostrar a todos nossa presença, proximidade e solidariedade com as famílias”, afirmou.

Durante a entrevista, Dom Louis Sako também se referiu às recentes ações militares no Iraque, como a recuperação de Faluja; e o cerco sobre a cidade de Raqqa (Síria), a capital do califado, e que significam a perda de território por parte do ISIS.

“É claro que para eles está terminado, a ‘geografia’ está terminada”, entretanto, advertiu que “querem atacar qualquer lugar e cidade, e matar o maior número de pessoas possível para provocar”.

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Por isso, disse que “todo mundo deve fazer algo para derrotar essa ideologia, não só através de ações militares, mas também com uma nova cultura para o Islã, um Islã moderado”.

Em seguida, Dom Louis Sako assinalou que em seus encontros com as autoridades civis e religiosas iraquianas lhes disse que “este é o momento de superar todas as diferenças, reconciliar-se, pensar na vida dos cidadãos e proteger suas propriedades”.

“Queremos a paz porque a guerra e a vingança não têm futuro. Mas a paz é um dom de Deus, é um dom para todos nós, para a convivência, o respeito, os valores humanos e os direitos humanos. Queremos uma nova posição, uma mudança de mentalidade, mas também de comportamento”, indicou.

Nesse sentido, destacou o pedido do Papa Francisco para que Deus converta o coração dos violentos. “Isto é muito importante. Devemos rezar por estas pessoas que estão cegas, que não veem. Que o Senhor ilumine todos a fim de que possam converter-se ao bem, à paz, à convivência e ao respeito. Queremos um milagre”, expressou.

Finalmente, o Patriarca católico caldeu disse que enviou uma mensagem aos fiéis muçulmanos por motivo da festa de Eid al-Fitr, na qual termina o Ramadã.

No texto, Dom Louis Sako recorda que “o jejum é um momento forte para a conversão, para fazer uma valorização da situação à luz destes ataques, mas também da vitória do exército iraquiano que libertou Faluja e Ramadi”.

“Agora precisamos de uma nova posição para superar todas estas diferenças, ir além dos interesses pessoais e apresentar uma ‘carta magna’ pelo futuro do Iraque, onde haja segurança, paz e prosperidade”, expressou.

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