ROMA, 7 de jul de 2016 às 13:30
Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas tinham um “plano avançado” para sequestrar o Papa Pio XII, segundo assinala Antonio Nogara, filho do então diretor dos Museus Vaticanos, Bartolomeu Nogara.
Assim o relatou Antonio Nogara em uma carta inédita publicada no jornal do Vaticano L’Osservatore Romano em sua edição do último dia 6 de julho, dois anos depois do seu falecimento em 2014.
Na carta, Nogara conta que em uma noite de inverno “entre os meses de janeiro e fevereiro” de 1944, o então Dom Giovanni Battista Montini, que mais tarde foi nomeado Papa Paulo VI, visitou o seu pai no pequeno apartamento que tinham perto da casa do sacerdote, por isso Antonio não pensou em nada estranho quando se apresentou muito tarde para falar “urgentemente” com “o professor” Bartolomeu, como o chamava.
Dom Montini lhe explicou então que dois diplomatas lhe deram informação dos serviços secretos dos Estados Unidos e do Reino Unido no qual detalhava um “plano avançado” dos alemães para sequestrar o Papa Pio XII.
A carta explica que nessa mesma noite Bartolomeu Nogara e Dom Montini procuraram um lugar para esconder o Santo Padre. A “Torre dos Ventos” foi o lugar escolhido no Vaticano, “um mini labirinto com uma localização favorável para um percurso coberto e de breve duração” onde podiam esconder o Papa Pio XII.
Nogara relata em sua missiva que o plano não era desconhecido ao Vaticano e inclusive “a embaixada da Alemanha em Roma teria avisado a Berlim as inevitáveis consequências negativas nas populações católicas, inclusive de vários países neutros”, se tivessem sequestrado Pio XII, algo que finalmente não aconteceu.
A lenda negra sobre Pio XII
Alguns setores acusaram o Papa Pio XII de não ter elevado a voz ou não ter feito o suficiente para defender os judeus ante o holocausto perpetrado pelos nazistas e inclusive ter colaborado com eles durante a Segunda Guerra Mundial, quando na verdade elaborou um plano para salvar, e efetivamente salvou 800 mil judeus da morte.
Em julho de 2012, o fundador da Pave the Way Foundation, Gary Krupp, um proeminente judeu e defensor do Papa Pacelli, afirmou que “a lenda negra contra o Papa Pio XII está sendo esclarecida pela luz absoluta da verdade”.
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O líder judeu indicou que qualquer investigação adicional mostrará que Pio XII, cujo nome de nascimento foi Eugenio Pacelli, “foi na verdade um grande herói para o povo judeu durante nossos anos mais escuros da Shoah”.
Em 19 de dezembro de 2009, o então Papa Bento XVI aprovou o decreto das virtudes heroicas do Papa Pacelli, isto é, o documento que demonstra que uma pessoa viveu a fé, a esperança e a caridade (o amor) em grau heroico.
Em 25 de julho de 2013, uma fonte autorizada da Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano, que pediu permanecer no anonimato, disse ao Grupo ACI que “assim como o Papa Francisco decidiu a canonização de João XXIII, também está considerando fazer o mesmo com Pio XII”.
O Papa Francisco e Pio XII
Em junho de 2014 e em entrevista concedida ao jornal espanhol ‘La Vanguarda’, o Papa Francisco lamentou que tenham “colocado tudo em cima” do Papa Pio XII. “Mas deve-se recordar que antes tinha uma imagem dele como o grande defensor dos judeus. Escondeu muitas pessoas nos mosteiros de Roma e de outras cidades italianas, e também na residência de verão em Castel Gandolfo”.
O Papa Francisco ressaltou que “ali, no quarto do Papa (Pio XII), em sua própria cama, nasceram 42 bebês, filhos dos judeus e outros perseguidos que eram refugiados. Não quero dizer que Pio XII não cometeu erros – eu mesmo cometo muitos –, mas seu papel deverá ser visto segundo o contexto desta época”.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) 2 de fevereiro de 2015