ROMA, 21 de jul de 2016 às 10:00
O Arcebispo Georg Gänswein, Prefeito da Casa Pontifícia, criticou severamente o processo de impostos que beneficia a Igreja na Alemanha e afirmou que a manipulação que isso faz dos fiéis é “um problema sério”.
Na sexta-feira passada, foram publicadas as cifras da Igreja na Alemanha. Estas mostraram que o catolicismo neste país continua em declive, com quase 190.000 católicos que deixaram a Igreja em 2015.
Em uma ampla entrevista publicada na segunda-feira em ‘Schwäbische Zeitung’, o também secretário do Papa Francisco e de Bento XVI lançou um olhar crítico a esta situação, fazendo-se eco também das preocupações do Papa Emérito, sobre como o sistema tributário da Igreja vincula a pertença dos fiéis ao pagamento de um imposto.
Quando os alemães se registram como católicos, protestantes ou judeus em seus formulários de imposto, o governo recolhe automaticamente uma porcentagem sobre a renda equivalente a 8 ou 9%, ou de 3 a 4% do seu salário.
Este “imposto eclesiástico” é dado às comunidades religiosas, em vez de recolherem o dízimo. No caso da Igreja Católica, os fundos são usados ??para ajudar paróquias, escolas, hospitais e projetos de caridade.
Durante 2015, a Igreja Católica na Alemanha recebeu cerca de 6 bilhões de euros, apesar da redução do número dos seus membros. Entretanto, este montante se deve em grande parte à força da economia alemã, que se traduziu em ganhos dos contribuintes católicos.
O imposto eclesiástico tem sido um dos temas de debate nos últimos anos no país. Um dos aspectos particularmente controversos é a forma como os católicos são tratados quando decidem não pagar. “Eles estão efetivamente excomungados”, sugeriu o entrevistador a Dom Gänswein. O Prelado alemão assinalou:
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“Sim, é um problema sério. De que maneira a Igreja Católica na Alemanha reage diante de alguém que ´se vai? Com a expulsão automática da comunidade, em outras palavras, a excomunhão! Isso é excessivo, totalmente incompreensível. Pode questionar o dogma, ninguém está preocupado com isso, ninguém é expulso. É a falta de pagamento do imposto à Igreja uma ofensa maior contra a fé do que as violações a seus princípios?”, questionou.
O Prefeito da Casa Pontifícia advertiu que a impressão que dá o atual sistema “é esta: sempre que a fé esteja em linha, isso é bastante aceitável, no entanto, quando o dinheiro entra na equação, as coisas ficam sérias”.
Finalmente, durante a entrevista, Dom Gänswein também foi questionado sobre as diferenças entre o atual Papa Francisco e Bento XVI.
O Arcebispo alemão afirmou que “definitivamente” há uma continuidade teológica entre ambos e que, embora os dois tenham formas diferentes de se expressar, “quando um Papa quer mudar um aspecto da doutrina, então ele tem que fazê-lo claramente, para fazê-lo vinculante”.
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— ACI Digital (@acidigital) 27 de junho de 2016