ROMA, 27 de jul de 2016 às 12:00
No dia 1º de julho, o Estado Islâmico (ISIS) assassinou cerca de 20 turistas em um café em Daca (Bangladesh), incluindo a italiana Simona Monti, a mulher de 33 anos que estava grávida. Entretanto, apesar da dor, a família decidiu responder ao ódio dos terroristas com a construção de uma igreja para sustentar a pequena comunidade cristã.
Renzi scrive alla famiglia di Simona Monti e delle altre vittime: "Non vi lasciamo soli" - https://t.co/1ugna8btGb pic.twitter.com/gbGWuHrfCj
— Rieti Life (@Rietilife) July 9, 2016
“Simona foi assassinada por ódio à fé e queremos recordá-la também sustentado os cristãos perseguidos”, indicou à imprensa o Pe. Luca Monti, irmão da mulher. Por isso, apoiarão um projeto da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) para construir uma igreja na vila de Haritana, no sul do país, onde vive uma centena de católicos.
Em declarações à Rádio Vaticano, indicou que escolheram este projeto porque o templo será dedicado a São Miguel Arcanjo, aquele que “diante de Deus tem em sua mão a espada da justiça misericordiosa do Senhor, é o protetor da Igreja e é quem, nos últimos tempos, vencerá o mal”. Além disso, porque é o nome que dariam à criança que Simona levava em seu ventre.
Explicou ainda que a decisão foi tomada em família “para concretizar esta experiência de sofrimento que vivemos, em um estilo de oração e de esperança cristã”.
“Queremos, como família, que, em memória de Simona, a comunidade cristã em Bangladesh, que é uma pequena minoria, não se sinta perdida e possa receber um incentivo através da nossa ajuda, para que possa crescer como uma comunidade e, sobretudo, também crescer no diálogo e encontro com outras religiões”, explicou.
De acordo com o relatório sobre a liberdade religiosa publicado pela ACN em 2014, 89% dos habitantes de Bangladesh professam o islã, 9,1% o hinduísmo, enquanto os cristãos são uma das pequenas minorias do país, com 0,2% da população.
Nesse sentido, o sacerdote indicou que, após o ataque terrorista, a pequena comunidade cristã deve estar “atravessando um momento de confusão e medo”.
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No entanto, “nestes dias me ocorreu a maneira de animar tantas pessoas, transformando a dor em testemunho cristão. A quem me perguntava se é necessário conhecer o Corão para não morrer, me pareceu oportuno responder: é melhor conhecer o Evangelho para ser testemunho de uma mensagem de amor, de reconciliação e de esperança”, afirmou.
Nesse sentido, recordou as palavras de Cristo: “Não tenham medo. Eu venci o mundo” e expressou sua esperança de que a construção da igreja ajude os cristãos em Bangladesh “a crescer em confiança na palavra do Evangelho e que, celebrando a Eucaristia, verdadeiramente possam sentir a forte presença do Senhor que já é o vitorioso Rei da paz”.
Finalmente, o sacerdote pediu aos fiéis para não cair na cultura do emotivo. “Acho que somos, ao mesmo tempo, vítimas de um sistema que, lamentavelmente, nos vincula à emotividade e, passada a onda emotiva, estamos verdadeiramente condenados a esquecer tudo sempre”.
“O sangue dessas vítimas não é apenas o sangue de uma desgraça, de uma tragédia. Interpretei isso como um derramamento de sangue de testemunho e, portanto, falo de martírio”.
“Para que não esqueçamos esse martírio, é necessário que nos comprometamos todos, em memória das vítimas, por um mundo melhor. E gostaria que cada cristão possa imprimir em sua consciência as palavras do Senhor: ‘Venha o teu reino, que é um reino de justiça e paz’. Todos podemos ser construtores de um mundo mais justo e fraterno”, concluiu.
Confira também:
[VÍDEO] Esta menina cristã do Iraque perdoou o Estado Islâmico: assim é sua vida agora https://t.co/APcHakDEsq pic.twitter.com/LBRLG80sEU
— ACI Digital (@acidigital) March 31, 2016