Em uma Missa na qual esteve acompanhado por vários bispos e com presença do presidente da França, François Hollande, o Arcebispo de Paris, Cardeal André Vingt-Trois, fez um enérgico clamor de esperança ao recordar o Pe. Jacques Hamel, assassinado por dois terroristas do Estado Islâmico enquanto celebrava a Eucaristia.

Na Missa presidida em 27 de julho, na Catedral de Paris, pela alma do sacerdote de 84 anos assassinado durante um ataque com reféns em sua igreja na região da Normandia, o Cardeal recordou as palavras de uma das leituras do dia do profeta Jeremias.

“‘Serias tu para mim como coisa mentirosa e como águas inconstantes?’ Neste momento terrível que nós vivemos, como não fazer nosso este grito que o profeta Jeremias faz a Deus em meio aos ataques dos quais ele era vítima? Como não se voltar contra Deus e não pedir contas a Ele? ”

Acompanhado de vários bispos e ante diversas autoridades francesas, o Purpurado disse também que clamar ao Senhor “não é faltar à fé, gritar a Deus. Muito pelo contrário, é continuar falando e invocando a Deus no momento em que os fatos parecem mostrar seu poder e seu amor. É continuar afirmando nossa fé nele, nossa confiança no rosto de amor e de misericórdia que Ele manifestou por meio do seu Filho, Jesus Cristo”.

“Os que se escondem na religião para dissimular seu projeto mortal, os que querem anunciar um deus da morte, um moloque que se regozija com a morte do homem e que promete o paraíso a quem mata invocando-o, eles não podem esperar que a humanidade ceda à sua miragem”, continuou.

Um clamor de esperança                                                   

Na homilia, o Arcebispo de Paris recordou que “a esperança inscrita por Deus no coração do homem tem um nome e esse nome é vida. A esperança tem um rosto, o rosto de Cristo que entrega sua vida em sacrifício para que os homens tenham vida em abundância”.

“A esperança tem um projeto, o projeto de reunir a humanidade em um só povo, não pelo extermínio, mas pela convicção e o chamado à liberdade. É esta esperança no coração da prova que impede que caiamos alguma vez no caminho da desesperança, da vingança ou da morte”.

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Para o Cardeal, “esta esperança animava o ministério do Pe. Jacques Hamel enquanto celebrava a Eucaristia na qual foi cruelmente assassinado. É esta esperança a que sustenta os cristãos do Oriente quando devem fugir da perseguição, algo que escolhem antes que renunciar a sua fé”.

Ao mencionar a Jornada Mundial da Juventude que acontece nestes dias na Polônia, o Cardeal francês disse também que “é esta esperança a que habita no coração de centenas de milhares de jovens reunidos com o Papa Francisco em Cracóvia. É esta esperança que nos permite não sucumbir ao ódio quando somos prisioneiros da tormenta”.

“É esta convicção que foi ferida grosseiramente em Saint-Étienne du Rouvray e é graças a esta convicção que podemos resistir à tentação do niilismo e ao prazer pela morte. É graças a esta convicção que rechaçamos entrar no delírio do complotismo para deixar gangrenar nossa sociedade pelo vírus da suspeita”, lamentou.

“Onde vamos encontrar a força para enfrentar os perigos se não podemos confiar na esperança?”, questionou.

Finalmente, o Arcebispo de Paris ressaltou que, “para os que acreditam no Deus de Jesus Cristo, a esperança é a confiança na palavra de Deus como o profeta recebe e transmite, ‘pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar. E arrebatar-te-ei da mão dos malignos’. ‘Meu apoio é Deus, o Deus do meu amor’”.

Depois do assassinato do Pe. Jacques Hamel, os bispos da França convocaram nesta sexta-feira, 29, um dia de jejum e oração pela paz no país e no mundo inteiro.

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