O Movimento Cristão Libertação (MCL) informou que o Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, recebeu na Santa Sé o seu representante na Itália, Michele Trotta, “que pôde colocá-lo em dia” sobre o trabalho do movimento dissidente e “a realidade de Cuba”.

Em uma nota difundida em sua página, o movimento fundado por Oswaldo Payá indicou que o encontro aconteceu no dia 14 de julho e que como demonstração de agradecimento a delegada do MCL em Havana, Rosa Maria Rodríguez, entregou no último dia 10 de agosto uma carta à Nunciatura Apostólica, dirigida ao Núncio, Dom Giorgio Lingua.

Na carta, assinalou que “antes e logo depois do assassinato de Oswaldo Payá e Harold Cepero”, o MCL seguiu impulsionando iniciativas a favor da transição de Cuba à democracia, como o Projeto Varela e a apresentação à Assembleia Nacional em 12 de julho de uma proposta a fim de que a nova lei eleitoral garanta os direitos civis e políticos dos cubanos.

O movimento fundado por Oswaldo Payá expressou ao Núncio Apostólico seu desejo de “que nossa Mãe Igreja nos acompanhe neste propósito iniciado há 28 anos por amor ao próximo e à pátria que Deus nos deu, para conseguir a libertação de cada cubano e de toda a Nação cubana”.

“Necessitamos do acompanhamento de nossos Pastores e irmãos, da bênção do Santo Padre. Precisamos da solidariedade do mundo”, acrescentou.

A respeito do Projeto Varela, destacou que mobilizou “milhares de cubanos que com seu voto exigem um referendo a fim de garantir os direitos à liberdade de expressão e associação, seus direitos econômicos, políticos, que sejam libertados todos os prisioneiros políticos cubanos como sinal de reconciliação e de justiça”.

“Recentemente foi apresentado um abaixo-assinado com 10.009 assinaturas recolhidas pelos ativistas do nosso Movimento e outras organizações dissidentes na ilha, já são mais de 35.000 cidadãos cubanos que deram o passo legal com resolução e solidariedade”, acrescentou.

Do mesmo modo, no dia 12 de julho foi apresentada na Assembleia Nacional do Poder Popular “uma proposta com nossos pontos de vista em relação à nova Lei Eleitoral”, para que seja garantido a todos os cubanos, inclusive os que atualmente estão fora da ilha, “o direito de escolher e ser escolhidos, de maneira que todos os cubanos possam residir no território nacional”.

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Além disso, “propomos que a nova lei eleitoral reconheça o direito de voto aos membros das forças armadas e outros corpos policiais, mas nenhum membro ativo destas instituições que devem velar pela integridade territorial e a ordem pública poderá apresentar-se como candidato a um cargo de Deputado nacional”.

“Os cidadãos poderão escolher e nomear os seus candidatos a Presidente e Vice-presidente do Conselho de Ministros da República. Queremos que a soberania popular seja devolvida ao povo e em mãos deste a reconstrução da nossa pátria”, indicou.

O MCL afirmou que “o povo cubano quer ser livre, como qualquer outro povo do mundo” e “essa liberdade que como filhos de Deus temos, queremos colocá-la a serviço da nossa pátria, do nosso povo”.

“O sangue dos nossos Mártires, de Oswaldo e Harold, germinará prontamente a fim de que uma Cuba livre e reconciliada renasça das cinzas de ódio e desesperança, na qual esteve submergida há mais de meio século”, afirmou.

Finalmente, pediram a Dom Giorgio Lingua, com toda humildade, que “transmita o profundo agradecimento que o Movimento Cristão Libertação tem para com Sua Eminência Cardeal Parolin, por ter escutado o nosso representante na Itália, Sr. Trotta, e pela compreensão do nosso trabalho”.

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