Vários grupos católicos da diocese de Córdoba (Espanha) defenderam o Bispo da diocese andaluza, Dom Demetrio Fernández, depois que anunciaram que a Procuradoria está estudando abrir uma investigação contra ele, depois que criticou a ideologia de gênero.

Há alguns dias, o Prelado afirmou que a ideologia de gênero é uma “bomba atômica que quer destruir a doutrina católica”, afirmação que foi considerada por diversos membros do lobby gay como “homofóbica” e como uma incitação ao ódio.

Além da denúncia ante a Procuradoria, Dom Demetrio Fernández também enfrenta uma campanha de desprestígio nas redes, pois Antonio Hurtado, deputado do PSOE na província de Córdoba, fez um pedido na plataforma Change.org e enviou uma carta ao Papa Francisco na qual explica os pontos principais da denúncia ao Bispo.

Em sua missiva, Hurtado reclama ao Papa “a justa e oportuna atuação para evitar o mal que fazem as declarações do Bispo de Córdoba, Dom Demetrio Fernández, através de cartas e manifestações públicas”.

Por outra parte, o vereador de ‘Ganemos Córdoba’, Alberto de los Ríos, declarou que “as pessoas crentes de Córdoba não merecem ter um bispo talibã que cada vez que tem uma oportunidade faz alegação por escrito de ódio contra mulheres, homossexuais e transexuais”.

Dom Demetrio Fernández segue o Cardeal Cañizares e os Bispos de Getafe e Alcalá de Henares, que alertaram em diversas ocasiões o sua desconformidade e rechaço à ideologia de gênero e às leis derivadas desta que pretendem implantar na Comunidade de Madri, entre outros.

No último dia 14 de julho, a Assembleia da Comunidade de Madri (Espanha) aprovou a lei de Proteção Integral contra a Discriminação por Diversidade Sexual e de Gênero, mais conhecida como Lei Contra a LGTBfobia e pela qual obrigam introduzir a ideologia de gênero nos colégios públicos e de educação concertada (centros de natureza privada, mas subvencionados pelo governo), sendo a maioria destes últimos de inspiração católica, para, desta maneira, “garantir que expliquem a todos os alunos madrilenos a realidade das diferentes orientações sexuais e identidades de gênero”.

Depois dos ataques contra Dom Demetrio Fernández, a Ação Católica Geral de Córdoba (ACG), assim como a delegação de apostolado secular e o grupo de Confrarias enviaram comunicados nos quais manifestam sua “adesão pública ao Bispo de Córdoba”, agradeceram “suas claras e valentes palavras que iluminam aos católicos, especialmente em momentos de confusão ideológica”.

Também expressaram a “conformidade com suas palavras em relação à ideologia de gênero, que pretende uma nova colonização da natureza humana fundada em um pensamento individual que é constituído como autorreferente”.

“É uma revolução contra a natureza humana a qual querem emancipar. Com o lema dos direitos individuais e atrás de uma suposta igualdade, tão invocada atualmente para tudo, conduz a uma nova concepção do homem e uma desconstrução do implante social”, especificaram no comunicado assinado por Salvador Ruiz Pino, presidente de Ação Católica Geral de Córdoba e delegado do apostolado secular da Diocese, assim como Jesus Poyato, consiliário do ACG.

Por sua parte, o Grupo de Confrarias de Córdoba manifestou que as declarações do Bispo “fazem parte de suas funções como referente religioso da Igreja e que, como o próprio Bispo afirma, está em consonância com as diretrizes marcadas pelo Papa”.

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Nesse sentido, a ACG recordou que Bento XVI e o Papa Francisco manifestaram em várias ocasiões “sua oposição e desacordo à ideologia de gênero e advertiram as suas consequências negativas”, assim como “Bispos espanhóis e de outros países manifestaram sua total adesão ao Papa, como não pode ser de outra maneira”, e que nesse contexto foram feitas as manifestações do Bispo de Córdoba.

“Recomendamos escutar melhor as palavras dos Pontífices e não usar seu conteúdo segundo o desejo de cada um, assim como não invocar um catolicismo subjetivo e à la carte”, insistem no comunicado de Ação Católica.

“Não estar de acordo com uma ideologia ou qualquer outra colocação não é intolerância, homofobia nem nada parecido. É somente manifestar o desacordo. Não nos está permitido que tenhamos outra opinião?”, questionaram.

“Qualquer pessoa ou instituição invoca sua liberdade de expressão, mas parece que os católicos não são tolerados a manifestar-se contra nada e devemos aceitar acriticamente qualquer postura imposta”, afirmaram do ACG.

Por sua parte, da Associação de Confrarias insiste na defesa “da faculdade de Dom Demetrio Fernández para expressar-se livremente e rechaçam qualquer tipo de ameaça ou linchamento público em meios de comunicação e redes sociais que só tentam condicionar o exercício de um direito próprio e suprimir da vida pública a opinião da Igreja e, desta maneira, de todos os católicos”.

“Desejamos que retirem qualquer tipo de campanha de desprestígio e de intimidação para com o nosso Bispo, pois pretendem limitar a liberdade de exteriorizar a idoneidade de uma lei, tal como fazem em múltiplos âmbitos da vida democrática”, apontam no comunicado emitido do Grupo de Confrarias de Córdoba.

Nesse sentido, depois que vários políticos apoiaram a denúncia ante a lei de Dom Demetrio Fernández, da Ação Católica “convidam os nossos políticos a trabalhar por um mundo digno do homem e fazer um exercício de responsabilidade procurando a verdade e o bem, e não se deixar guiar por preconceitos pessoais, ideológicos ou partidários”.

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