ROMA, 24 de ago de 2016 às 16:00
O Pe. Rebwar Basa, sacerdote iraquiano que participou do Meeting de Rimini, assinalou que a perseguição que os cristãos sofrem no Iraque nas mãos do Estado Islâmico (ISIS) deve ser definida como “genocídio” e exigiu que a comunidade internacional cumpra o seu dever de salvar o que “ainda é salvável” e proteger esta minoria religiosa.
Un oficial estadounidense advierte sobre la persecución a los cristianos en Irak https://t.co/mxuJ6bi3G3 pic.twitter.com/pwaYXVcyIW
— Hispanidad (@web_hispanidad) 27 de maio de 2016
“Sou um sacerdote iraquiano e conheço bem a situação dos cristãos no Iraque e seus grandes sofrimentos. Pelo que diz respeito ao Iraque, confirmo com firmeza que não só ‘pode’, como ‘deve’ ser definido como genocídio. E sublinho que a comunidade internacional deve cumprir seu dever de salvar aquilo que ainda é salvável, garantir a segurança dos cristãos e defender os seus direitos”, expressou ao Grupo ACI.
Entretanto, o Pe. Basa assinalou que, desde seu início, a Igreja no Iraque foi “uma Igreja mártir, que viveu um êxodo silencioso. Por isso, expressou seu desejo de que agora “que falam de perseguição”, passem à ação antes que seja tarde demais.
O sacerdote denunciou que há “uma séria intenção de apagar tudo o que nos une como cristãos” e, por isso, os terroristas islâmicos primeiro foram rotulados com a letra “n” árabe para marcá-los como nazarenos, “nossa identidade cristã”, e logo tiraram suas propriedades, violaram e venderam as mulheres como escravas, destruíram as igrejas ou as transformaram em mesquitas; além de outros crimes “simplesmente pela identidade cristã”.
Apesar disso, o Pe. Basa afirmou que “para nós é uma bênção ser perseguidos” por ser discípulos de Cristo. “Os cristãos no Iraque – com uma presença milenar – dão um exemplo muito concreto de como devemos seguir o Senhor Jesus, negando-se a si mesmos, carregando a sua cruz e seguindo-o”, assinalou.
Além disso, recordou que os cristãos do Oriente Médio têm um “papel indispensável” no diálogo entre as diversas culturas.
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“Por exemplo: os cristãos mostraram ao mundo árabe a filosofia grega traduzindo do grego ao aramaico e do aramaico ao árabe. E hoje, mais do que nunca, têm este papel de fazer ponte entre o Oriente e o Ocidente, graças ao seu conhecimento do mundo árabe e muçulmano de um lado e da fé e, de outro lado, a cultura cristã compartilhada com o Ocidente”, explicou.
Durante a entrevista, o sacerdote também exigiu que seja “garantido o direito dos cristãos a existir e a viver uma vida digna como filhos de Deus e seres humanos”.
“É somente graças à Igreja local e universal que os cristãos perseguidos pelo autoproclamado Estado Islâmico conseguiram sobreviver durante estes dois anos”, junto com o constante apoio da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, afirmou.
Nesse sentido, embora acredite que seja “muito difícil” um futuro para os cristãos no Iraque “se a situação continuar assim”, o sacerdote recordou que “para Deus nada é impossível”.
“Se os direitos humanos são respeitados e a liberdade religiosa é garantida para todos, os cristãos de hoje no Iraque não terão somente um futuro, mas muitos se converterão. Assim a famosa frase de Tertuliano ‘o sangue dos mártires é a semente dos cristãos’ poderá ser realizada nesta terra de perseguição”, assegurou.
Confira também:
Quatro formas práticas para ajudar os cristãos perseguidos no Iraque e na Síria https://t.co/R8iLbv55XY
— ACI Digital (@acidigital) 15 de abril de 2016