O Cardeal Darío Castrillón, Prefeito emérito da Congregação para o Clero, assinalou que o Acordo de Paz entre o governo da Colômbia e a guerrilha das FARC é algo que “nos entusiasma”, mas não pode estar isento da verdade e da justiça.

Assim indicou no último dia 20 de setembro o também Presidente Emérito da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei – instituída para o diálogo com a Fraternidade fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre (lefebvristas) – em diálogo com o Grupo ACI na cidade de Roma, onde vive.

O Purpurado comentou acerca da próxima assinatura do protocolo do Acordo de Paz, entre o governo e as FARC, que resolve conflito interno de mais de 50 anos na Colômbia e que o Presidente Juan Manuel Santos apresentou nesta quarta-feira perante a ONU.

O evento da assinatura do Acordo de 297 páginas acontecerá na cidade de Cartagena, na segunda-feira, 26 de setembro, no qual estará presente o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, e no dia 2 de outubro será submetido a um plebiscito em todo o país.

O Cardeal Castrillón disse ao Grupo ACI que “desde que era seminarista, sobretudo durante a minha vida sacerdotal, período no qual conheci alguns santos como João Paulo II, como a Madre Teresa (…) sabia que o melhor para um homem é chegar a descobrir verdadeiramente que é Filho de Deus. E em uma família na qual todos são filhos de Deus Pai, deve haver mais harmonia: por isso a palavra paz nos entusiasma”.

“Mas eu uno a palavra paz com Jesus: não os dou a minha paz como a dá o mundo. A paz do Senhor é diferente, a paz do Senhor não é um tratado, a paz do Senhor é um amor vivido através do qual Ele nos comunica a harmonia interna das três pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, de uma família divina que nos ajuda a viver nessa paz”.

Deste modo, o Cardeal sublinhou que “a paz nunca deve estar separada da verdade. Pois o filho de Deus criou o mundo para o bem de todos, a paz nunca pode estar separada da justiça, que é dar a cada um o que lhe pertence, e não lhe pertence um pedacinho do mundo porque é filho de Deus. ‘Reconheceram-lhe isso? Deram-lhe isso? Ou ao assiná-lo estão passando por cima desse reconhecimento? ’”.

Depois de ressaltar que a assinatura do Acordo de paz não deve servir para “conseguir benefícios políticos”, o Prefeito Emérito afirmou: “nos alegramos, porque finalmente, entre tantas coisas negativas, este tratado pode ser algo positivo”.

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Em seguida, o Cardeal encorajou a renunciar definitivamente às armas para poder seguir em frente neste processo de paz.

A respeito deste Acordo, o Papa Francisco reiterou recentemente seu “apoio ao objetivo de alcançar a concórdia e a reconciliação de todo o povo colombiano, à luz dos direitos humanos e dos valores cristãos que estão no centro da cultura latino-americana”.

Francisco também encomendou “o processo de paz na Colômbia à materna proteção da Santa Mãe de Deus, Rainha da Paz, e invoca o dom do Espírito Santo para que ilumine o coração e a mente daqueles que estão chamados a construir o bem comum da nação colombiana”.

Há poucos dias, na Jornada Mundial de Oração realizada em Assis, presidida pelo Santo Padre, a Colômbia foi um dos países pelos quais ele pediu de maneira especial durante a liturgia ecumênica com outros líderes cristãos.

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