Com 15 homicídios de presbíteros nos últimos quatro anos, o México é o país mais perigoso para exercer o ministério sacerdotal em todo mundo, assinalou recentemente o Pe. Hugo Valdemar, porta-voz da Arquidiocese Primaz do México.

Em um relatório publicado no dia 21 de setembro, a unidade de investigação do Centro Católico Multimídia (CCM) contabilizou 14 assassinatos de sacerdotes entre 2012 e 2016. Agora, soma-se a morte do Pe. José Alfredo López Guillén, cujo corpo foi encontrado no dia 24 de setembro, cinco dias após ter sido sequestrado.

Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Hugo Valdemar assinalou que “ficou claro que o México é o país mais perigoso para os ministros da Igreja Católica”.

“Inclusive surpreende, porque ainda existe mais risco no México do que, por exemplo, na Síria ou nesses países onde os cristãos são perseguidos pelo Estado Islâmico”.

Somente na última semana foram assassinados três sacerdotes nos estados de Veracruz e Michoacán. Os padres Alejo Nabor Jiménez Juárez e José Alfredo Juárez de la Cruz foram sequestrados e logo assassinados na localidade de Poza Rica, estado de Veracruz.

Em Michoacán, o pároco de Janamuato, Pe. José Alfredo López Guillén, foi sequestrado em 19 de setembro. Seu corpo foi encontrado no dia 24 de setembro em um trecho da estrada Puruándiro-Zináparo.

Em ambos os casos, as autoridades negaram que se trate de homicídios vinculados ao crime organizado.

A respeito do assassinato dos sacerdotes Jiménez Juárez e Juárez de la Cruz, o procurador geral de Veracruz, Luis Angel Bravo Contreras, assegurou que os sacerdotes tomaram licor “com seus sequestradores e executores”, os quais “logo após uma discussão, roubaram cinco mil pesos e dois automóveis”.

No caso do Pe. José Alfredo López Guillén, o site ‘Quadratín’, citando “fontes próximas à investigação” da Procuradoria Geral de Justiça do Estado (PGJE) de Michoacán, assegurou que o sacerdote foi visto em um hotel junto com um menor de idade.

Entretanto, de acordo com o jornal mexicano ‘Reforma’, a PGJE desprezou o vídeo. Em redes sociais, uma mulher identificada como Liliana Arriaga assegurou que homem no vídeo é seu ex-marido que está de mãos dadas com o seu filho. Este jornal eliminou da sua página a notícia que acusava o sacerdote falecido.

O Pe. Valdemar disse ao Grupo ACI que “os estados onde ocorreram os três últimos crimes, de uma maneira extremamente irresponsável, quiseram negar que foi o resultado da delinquência organizada e então inventaram histórias, caluniaram os sacerdotes, criminalizando as vítimas”.

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“Apresentam alguns sacerdotes como bêbados e o outro como pedófilo, sendo que os resultados das investigações estão demostrando que não é assim”, disse. O porta-voz da Arquidiocese do México assinalou que isto “é muito grave, porque há uma intenção de desacreditá-los e de sujar a imagem da Igreja”.

Para o sacerdote mexicano, os governos estatais “não querem aceitar que a situação do crime organizado se tornou incontrolável nestas entidades”.

“Vimos uma grande irresponsabilidade das autoridades, começaram a dar declarações apressadas, que resultaram totalmente contraproducentes e que prejudicaram enormemente a imagem da Igreja e o prestígio destes sacerdotes”, criticou.

“À morte física aumentaram a morte moral, a morte da sua imagem”, disse e acrescentou que os atos das autoridades contra os sacerdotes assassinados “nos parecem realmente um ato de maldade, um ato de vilania”.

Em seguida, o Pe. Valdemar indicou que o sequestro e assassinato dos três sacerdotes “mostra a gravidade da situação” no México.

“Se não há respeito a um sacerdote, que geralmente são muito respeitados no México, imaginemos com o restante da população. Se assassinam, extorquem e roubam um sacerdote, imaginemos o que acontecerá com a população, que está mais vulnerável, mais desprotegida do que nós, sacerdotes”, assinalou.

Em 2015, cinco das 50 cidades mais violentas do mundo se encontravam no México, de acordo com a lista anual realizada pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal A.C.

A organização mexicana ‘Hazte Sentir’, através da plataforma internacional CitizenGO, lançou um abaixo-assinado para exigir ao secretário do Governo do México, Miguel Angel Osorio Chong, que seu departamento evite “estes rumores sem fundamentos e difamatórios que parecem querer minimizar o valor político do assassinato de um sacerdote”. 

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