Vaticano, 7 de nov de 2016 às 17:00
Diante de cerca de 5000 participantes do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, encerrado em Roma no dia 5 de novembro, o Papa Francisco rechaçou a existência de um terrorismo religioso. “Nenhum povo, nenhuma religião é terrorista”, indicou o Santo Padre.
“É verdade – disse –, existem pequenos grupos fundamentalistas de todas as partes. Mas o terrorismo inicia quando é expulsa a maravilha da criação, o homem e a mulher, e colocado ali o dinheiro”
“Existe um terrorismo de base que deriva do controle global do dinheiro sobre a terra e ameaça toda a humanidade. Deste terrorismo de base se alimentam os terroristas derivados como o narcoterrorismo, o terrorismo de Estado e aquele que alguns erroneamente chamam terrorismo étnico ou religioso”. O sistema injusto favorece esses movimentos, “tal sistema é terrorista”, indicou.
O Papa denunciou “o colonialismo ideológico globalizante” que “procura impor receitas supraculturais que não respeitam a identidade dos povos”. Frente a isso, elogiou o trabalho dos movimentos populares que buscam ressaltar a importância do ser humano na sociedade. Neste sentido, advertiu que “existem forças poderosas que podem neutralizar este processo de amadurecimento de uma mudança que seja capaz de deslocar o primado do dinheiro e colocar novamente no centro o ser humano”.
Estas forças poderosas, assinalou Francisco, se movem por dinheiro. “Quem governa então?”, perguntou o Papa. “O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da desigualdade, da violência econômica, social, cultural e militar que gera sempre mais violência em uma espiral descendente que parece não acabar nunca. Quanta dor, quanto medo!”.
Francisco advertiu contra o medo e a tentação de construir muros como uma maneira de combatê-lo. “Nenhuma tirania se sustenta sem explorar os nossos medos. Isso é chave. Disto o fato de que toda a tirania seja terrorista. E quando este terror, que foi semeado nas periferias são com massacres, saques, opressão e injustiça, explode nos centros com diversas formas de violência, até mesmo com atentados odiosos e covardes, os cidadãos que ainda conservam alguns direitos são tentados pela falsa segurança dos muros físicos ou sociais”.
“Muros que fecham alguns e exilam outros. Cidadãos murados, aterrorizados, de um lado; excluídos, exilados, ainda mais aterrorizados de outro. É esta a vida que Deus nosso Pai quer para os seus filhos?”.
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“O medo, além de ser um bom negócio para os mercadores das armas e da morte, nos enfraquece, nos desestabiliza, destrói as nossas defesas psicológicas e espirituais, nos anestesia diante do sofrimento dos outros e no final nos torna cruéis”, destacou.
O Papa assinalou que “quando ouvimos que se festeja a morte de um jovem que talvez tenha errado o caminho, quando vemos que se prefere a guerra à paz, quando vemos que se difunde a xenofobia, quando constatamos que ganham terreno as propostas intolerantes; por trás desta crueldade que parece massificar-se existe o frio sopro do medo”.
Para o Santo Padre, “a misericórdia é o melhor antídoto contra o medo. É muito melhor do que os antidepressivos e dos ansiolíticos. Muito mais eficaz do que os muros, das grades, dos alarmes e das armas. E é grátis: é um dom de Deus”.
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— ACI Digital (@acidigital) 25 de novembro de 2014