ROMA, 7 de nov de 2016 às 16:00
O diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, disse que o Vaticano não autorizou uma suposta “auto-ordenação” episcopal realizada recentemente por um sacerdote na China.
“Nas últimas semanas circularam diversas notícias sobre algumas ordenações episcopais, conferidas sem Mandato Pontifício a sacerdotes da comunidade não oficial da Igreja Católica na China Continental”, disse Burke em um comunicado.
“A Santa Sé não autorizou nenhuma ordenação, nem foi oficialmente informada a respeito de tais acontecimentos. Se as referidas ordenações episcopais fossem verdadeiras, contribuiriam para uma grave violação das normas canônicas”.
O comunicado ressaltou que “a Santa Sé faz votos de que tais notícias sejam infundadas. Caso contrário, deverá aguardar informações seguras e documentação precisa, antes de avaliar adequadamente os casos”.
No entanto, assegurou Greg Burke, a Santa Sé “reitera que não é lícito proceder com ordenações episcopais sem o necessário Mandato Pontifício, nem mesmo fazendo apelo à particulares convicções pessoais”.
A declaração do Vaticano, que não menciona nenhum nome, aparece logo depois que o sacerdote chinês Paulus Dong Guanhua anunciou a sua própria ordenação episcopal em setembro.
Nesse mês, o sacerdote vestiu-se como bispo e celebrou uma Missa da sua "toma de posse" em uma igreja na diocese de Zhengding, na província de Hebei, acompanhado por vários de seguidores.
Antes da declaração do Vaticano, o bispo legítimo de Zhengding, Dom Julius Jia Zhiguo, divulgou aos sacerdotes da diocese um comunicado anunciando a excomunhão latae sententiae (automática) do Pe. Dong Guanhua, por sua “auto-ordenação” episcopal realizada sem a autorização do Papa.
A Igreja na China
A China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica Chinesa, subordinada ao Partido Comunista da China, e rechaça a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los. A Igreja Católica fiel ao Papa não é completamente clandestina; embora seja assediada constantemente.
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As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.
Em dezembro de 2010, a nomeação de um bispo legitimamente ordenado como presidente da associação, durante uma assembleia na qual sacerdotes e bispos fiéis a Roma tiveram que comparecer a força, gerou um distanciamento entre o Vaticano e a China.
Em seguida, a Santa Sé tentou se aproximar das autoridades do governo da China.
Entre 2012 e 2015, a China permitiu a ordenação de dois bispos aprovados pelo Vaticano, fato que possibilitou certa aproximação.
Em agosto de 2014, enquanto se dirigia para a Coreia do Sul, o Papa Francisco enviou um telegrama ao presidente da China, Xi Jinping, quando seu avião sobrevoava o espaço aéreo do país para expressar-lhe seus melhores desejos e enviar uma bênção para esta nação.
O fato de que o Papa tenha recebido a permissão para sobrevoar o espaço aéreo chinês foi considerado como um pequeno avanço. O Papa João Paulo II teve que evitar o espaço aéreo deste país durante suas viagens à Ásia.
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— ACI Digital (@acidigital) 9 de agosto de 2016