ROMA, 11 de nov de 2016 às 12:00
O Papa Francisco narra algumas histórias que viveu na época em que serviu como Arcebispo de Buenos Aires, quando todo dia 8 de maio ia ao Santuário da Virgem de Luján, Padroeira da Argentina, e atendia confissões dos peregrinos que visitavam o local durante 9 horas.
O Santo Padre contou estas histórias em uma conversa com Pe. Antonio Spadaro no livro que traz suas homilias como Arcebispo de Buenos Aires, apresentado ontem em italiano, intitulado “Nei tuoi occhi è la mia parola” (“Em teus olhos está minha palavra”).
“Em Luján, durante a peregrinação, quando em dois dias chegam 2 milhões de pessoas, pregava-se logo cedo na manhã. Eu pregava às 7h e essa missa estava cheia de pessoas e eu a celebrava depois de ter atendido confissões durante a noite”.
“Eu confessava das 18h às 22h. Em seguida, comia alguma coisa. Dormia um pouco e depois, às 1h da manhã, voltava para atender confissões até às 6h. Depois, a Missa. Algumas vezes não conseguia rezar nem dois mistérios do rosário, porque não havia tempo: a fila de pessoas era enorme. E na Basílica éramos 30 confessores! Escutava experiências de vida”, relatou o Papa.
Francisco assegurou, então, que “isto prepara a pregação: escutar sobre a vida das pessoas”. “Se não escutamos as pessoas, como podemos pregar?”, questionou.
“Lembro-me de um jovem. Observei que andava para frente e para trás, de um lado para o outro, enquanto eu confessava… ele olhava, observava e, em um determinado momento que não havia ninguém na fila, aproximou-se de mim e perguntou: ‘O que fazem aqui?’. Então respondi: ‘Eu confesso’. Perguntei: ‘Você nunca se confessou?’. ‘Sim’, respondeu-me, ‘quando fiz a Primeira Comunhão, mas não me lembro’. E começou a falar, falar e falar… e assim se confessou!”.
“Obviamente, na minha homilia do dia, o encontro com este menino esteve presente: não podia agir como se não tivesse encontrado como ele. Tocou a minha alma. São estas experiências que te ajudam a pregar!”, disse.
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Em seguida, Francisco narrou outra história: “Era um rapaz”. “Tinha uns 23 anos e usava brinco na orelha. Sentou-se e me disse: ‘Venho buscar uma resposta porque tenho um problema, um problema que me angustia’. E me disse o seu problema. Não aguentava mais. ‘A minha mãe está sozinha, foi mãe solteira e trabalha como empregada doméstica. Eu estudei na escola técnica e trabalho como técnico especializado’. Não estava casado e não mencionou sobre alguma mulher ou um noivado. O problema era outro”, revelou o Papa.
O jovem disse então que “um dia não aguentava mais e disse para a minha mãe: ‘tenho este problema’. Minha mãe disse para vir à Luján, pois a Virgem me diria o que deveria fazer. E antes de vir aqui estive diante da Virgem e senti que devia fazer isto, e isto, e isto…. E agora me confesso’. E assim ele abriu o seu coração”.
Francisco continuou: “No dia seguinte, como se faz para ignorar o encontro com este jovem? Eu não conseguia. Não podia ignorá-lo com o carinho”.
Com tudo isto, disse o Papa, o que quer dizer é que “quanto mais próximo estamos das pessoas, melhor é a pregação ou melhor é a proximidade à Palavra de Deus nas suas vidas. Assim chega a Palavra de Deus com uma experiência humana que precisa dessa Palavra”.
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Como o Papa faz suas homilias? Novo livro revela esta e outras curiosidadeshttps://t.co/sZA91jlFX0 pic.twitter.com/0uFTE1CgiU
— ACI Digital (@acidigital) 11 de novembro de 2016