Lima, 14 de nov de 2016 às 05:00
A Igreja ensina no Catecismo que “os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu”.
“A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados”, assinala no numeral 1031 do Catecismo.
Em diálogo com o Grupo ACI, Pe. Carlos Rossel, doutor em Sagrada Teologia pela Universidade de Navarra, deu 5 chaves que os católicos devem levar em consideração para compreender o dogma do Purgatório.
1. Não é um invento, está fundamentado na Bíblia
No Antigo Testamento é mencionada a oração pelos defuntos, mas é a Igreja que, baseando-se em toda a Escritura, definiu o dogma do Purgatório. Foi ensinado pela primeira vez no II Concílio de Lyon na Profissão de fé de Miguel Paleólogo.
Uma primeira ideia bíblica é que nada impuro pode ver Deus. Por exemplo, em Mateus 5,8 diz: ‘os limpos de coração verão a Deus’; e no Apocalipse 21,27 diz que nada impuro entrará na Jerusalém do Céu.
A Bíblia também nos fala da oração pelos defuntos. No 2º Livro de Macabeus 12,38 e versículos seguintes nos indica que Judas Macabeu ofereceu sacrifícios de expiação pelos seus soldados defuntos.
Para falar do Purgatório também é utilizado Mateus 12,31-32, quando Jesus diz que quem peca contra o Espírito Santo não será perdoado neste mundo nem no outro. Muitos teólogos afirmam que quando o Senhor afirma que no outro mundo poderiam ser perdoados alguns pecados, estaria falando do Purgatório.
Há também um texto importante citado pelo Papa Emérito Bento XVI que está na 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios 3,10-15. São Paulo diz que todos os que constroem suas vidas sobre um fundamento que é Cristo vão se salvar, mas alguns passarão através do fogo.
E quem são eles? Os que constroem a sua vida com madeira, palha ou feno, ou seja, aqueles que viveram com Cristo e não tiveram uma vida tão santa como esperavam.
2. Pode-se ajudar as almas do Purgatório
A Igreja nos fala da comunhão dos santos. Ou seja, existe uma comunhão entre os santos que estão no Céu e veem Deus, as almas do Purgatório que estão em um período de purificação para entrar no Céu e os batizados que peregrinam neste mundo.
O que podemos fazer pelas almas do Purgatório? Rezar por elas; uma das obras da misericórdia é rezar pelos defuntos.
O melhor que podemos fazer por elas é oferecer o santo sacrifício da Missa, porque o que estamos fazendo é inserir este defunto no mistério pascal de Cristo, a fim de que entre no céu devidamente purificado.
3. As indulgências são efetivas
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As indulgências são um presente que a Santa Mãe Igreja oferece, para ir ao céu imediatamente. A Igreja diz também que podem ser aplicadas aos defuntos; é um costume bonito, muito católico, que todos os dias ganhemos uma indulgência plenária.
Indulgência plenária significa que ao realizar essa obra que a Igreja nos pede, com distintas condições e na graça de Deus, nós podemos acessar esse tesouro que Cristo abriu com a sua Morte e Ressurreição (o Céu).
4. Não é comum que uma alma do Purgatório tenha contato com um ser vivo
Onde estão as almas? As almas estão no Céu, no Purgatório ou no Inferno.
Deus que é o Senhor e o Todo-poderoso pode permitir que uma alma do Purgatório entre em contato com um ser vivo.
De fato, se nos fixarmos em algumas experiências de místicos, por exemplo Padre Pio ou Santa Faustina Kowalska, conta-nos que em algum momento tiveram relação com alguma alma do Purgatório. Entretanto, isto não é algo ordinário, mas extraordinário, e é preciso ter cautela.
5. As almas do Purgatório intercederão por nós no Céu
O dogma diz que existe o Purgatório e é um estado transitório. É a antessala do Céu. Mas, a Igreja não falou nada se as almas do Purgatório podem interceder por nós.
Aqui, há duas posturas teológicas. Alguns teólogos dizem que as almas do Purgatório podem interceder por nós porque são membros da Igreja e fazem parte do Corpo Místico de Cristo. Outros teólogos dizem que não.
O que nós fazemos por elas, logo nos vão devolver quando chegarem ao Céu. Ou seja, que quando entrarem no Céu, elas intercederão por nós.
Por outro lado, é preciso evitar todo tipo de práticas que são anticristãs e são próprias do paganismo. Entre elas, a evocação de espíritos, que é um pecado grave.
Confira também:
O purgatório, o inferno e o céu que Santa Faustina Kowalska viu https://t.co/s3usmBhiBr
— ACI Digital (@acidigital) 5 de outubro de 2016