Lima, 19 de nov de 2016 às 13:00
O Presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Dom Luis Augusto Castro, pediu orações “pela paz na Colômbia”, para que o país possa superar a “noite escura” da guerra com a guerrilha Força Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Em declarações ao Grupo ACI, Dom Castro pediu a todos os católicos que rezem “a Deus nosso Pai pela paz da Colômbia. Necessitamos de uma oração para poder superar definitivamente esta noite escura e começar um dia no qual vivamos como irmãos que se amam, não como lobos que se despedaçam”.
Depois da vitória do “Não” aos acordos de paz assinados em Havana (Cuba) entre o governo da Colômbia e as FARC, no plebiscito em 2 de outubro deste ano, ambos os lados trabalharam em um novo acordo.
O documento poderia ser referendado pelo Congresso da Colômbia, por um novo plebiscito ou pelas câmaras municipais do país.
O Presidente da CEC explicou que no novo acordo entre as FARC e o governo “há umas diferenças substanciais, mas também há alguns pontos que ficaram inamovíveis, que não se podem mudar”.
“Em relação às coisas que puderam mudar, está em primeiro lugar que se coloque um termo concreto à jurisdição especial para a paz”, que no documento anterior “era indefinida. Isso havia causado muitos protestos e foi estipulado que duraria apenas 10 anos, isso já era algo diferente, mas também muito positivo”.
Outro ponto novo, disse, é que, enquanto nos acordos anteriores se contemplava “a presença de alguns juizes internacionais – até tinham solicitado ao Papa que apresentasse um candidato para fazer parte destes juízes internacionais –, isso foi eliminado, e todos os juízes serão nacionais, juízes de muita qualidade, mas somente juízes nacionais”.
Segundo Dom Castro, outro ponto “que suscitou muita polêmica” foi o da ideologia de gênero. “Nos diálogos durante a preparação desta nova reforma perceberam que isso não tinha nada a ver com o acordo de paz, então isso foi eliminado”.
“O que ficou bem claro foi a atenção especial que deve ser dada às mulheres que foram vítimas da guerra. Por um lado, à mulher e por outro, à família. Toda família também sofre um golpe terrível cada vez que há uma tragédia causada por esta guerra que vivemos há 50 anos”.
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Dom Castro disse que houve temas que não foram mudados no acordo, como “o tema de ter uma jurisdição especial para a paz” e “acerca da justiça transicional”, na qual houve “uma pequena modificação”, a fim de que “não fosse como um elemento solto, que fosse por conta própria, mas verdadeiramente fizesse parte de tudo o que é este aparelho jurídico do país”.
“A elegibilidade política também foi algo que se manteve”, assinalou.
No novo acordo, disse o Prelado colombiano, também “foi reafirmado tudo o que tem a ver com o direito das vítimas”.
Dom Castro expressou seu desejo de que o novo acordo “seja aceito por todos ou pela grande maioria”, de tal modo que “sigamos em frente, com otimismo e naturalmente que todo este aparelho deverá ser construído sobre uma base muito importante, a base da reconciliação”.
O Presidente da CEC incentivou os católicos a que “sigamos dando testemunho do perdão, como tantas vítimas publicamente deram testemunho de perdoar aqueles de quem receberam tanto dano”.
“É necessário trabalhar pela reconciliação entre todos os colombianos. Nisto estão em primeira linha todos os católicos. Essa é a mensagem central que podemos dar no contexto desta guerra e a tarefa que devemos realizar”, disse.
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— ACI Digital (@acidigital) 5 de outubro de 2016