VATICANO, 24 de nov de 2016 às 12:00
Por ocasião do encontro organizado pela Pontifícia Academia das Ciências sobre o tema “Narcóticos: problemas e soluções desta praga mundial”, o Papa Francisco condenou com força as drogas e enumerou alguns dos seus principais problemas.
“A droga é uma ferida da nossa sociedade, que prende muitas pessoas em suas redes. Elas são vítimas que perderam a sua liberdade devido a esta escravidão, de uma dependência que poderíamos chamar ‘química’”, explicou no começo de seu discurso.
Francisco considera que a droga é “uma ‘nova forma de escravidão’, como outras que afetam o homem de hoje e a sociedade em geral”.
Em seguida, explicou que não existe uma única causa que leve à dependência, mas são muitos os fatores que influenciam: “a ausência da família, a pressão social, a propaganda dos traficantes, o desejo de viver novas experiências etc”.
“Cada dependente carrega uma história pessoal diferente que deve ser escutada, compreendida, amada e, na medida do possível, curada e purificada. Não podemos cair na injustiça de classificá-los como objetos, mas cada pessoa deve ser valorizada e apreciada em sua dignidade para poder ser curada. Continuam tendo, e mais do que nunca, uma dignidade de pessoas e filhos de Deus”.
O Santo Padre acredita que “não é de se estranhar que tanta gente caia na dependência da droga, pois a mundanidade nos oferece um amplo leque de possibilidades para alcançar uma felicidade efêmera, que – ao final – se converte em veneno, que corrói, corrompe e mata”.
“O desejo inicial de fuga, procurando uma felicidade momentânea, se transforma na devastação da pessoa na sua integridade, repercutindo em todas as camadas sociais”.
Além disso, advertiu sobre a relação da droga com o mundo da máfia: “Quando se quer buscar e ascender pelas redes de distribuição, encontra-se com essa palavra de cinco letras: máfia. Mas é sério. Porque, assim como na distribuição se mata aquele que é escravo da droga, na consumação também se mata quem quer destruir esta escravidão”.
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Por outro lado, o Bispo de Roma falou de algumas possíveis soluções para acabar com isto, entre elas, “identificar o modo de controlar os circuitos de corrupção e as formas de lavagem de dinheiro”.
Para isso, “não há outro caminho senão desconstruir cadeia que vai desde o comércio de drogas em pequena escala até as formas mais sofisticadas que se aninham no capital financeiro e nos bancos que se dedicam à lavagem de dinheiro sujo”, sugeriu.
No caminho da prevenção é muito importante “a formação humana integral” porque “oferece à pessoa a possibilidade de ter instrumentos de discernimento, através dos quais possam eliminar as diferentes ofertas e ajudar os outros”.
Francisco pediu também trabalhar na “reabilitação das vítimas na sociedade, a fim de lhes devolver a alegria e para que recuperem a dignidade que um dia perderam”.
Confira também:
Vaticano à ONU: não se combate a droga legalizando-a https://t.co/ZQGqXrX9Kp pic.twitter.com/gryToKIa7C
— ACI Digital (@acidigital) 26 de abril de 2016