REDAÇÃO CENTRAL, 25 de nov de 2016 às 07:00
Repetindo uma e outra vez que é uma contradição definir-se católica e ser a favor do aborto, Aldo Mariátegui, jornalista liberal peruano, colocou em xeque Gladys Via, representante no Peru das ‘Católicas pelo Direito de Decidir’ (CDD), organização fundada nos Estados Unidos que usou milhões de dólares para promover o aborto na América Latina.
Na edição do último dia 22 de novembro do programa que conduz na Rádio Capital, Mariátegui – que é a favor da eutanásia e da legalização das drogas – questionou a representante do CDD: “Como defende, Gladys, sua posição a favor do aborto sendo católica?”, levando em consideração que “para um católico se supõe que, se você praticar um aborto, está matando um ser humano”.
Gladys Via, entretanto, argumentou que “é uma vida humana, não é um ser, não é uma pessoa humana” e disse que, depois de uma decisão em 2012 na Corte Interamericana de Direitos Humanos, “vida humana era até antes que uma pessoa fosse sujeita de direitos, que pudessem ser titulares de direitos, neste caso, em seu nascimento se dá a titularidade de direito”.
Segundo a representante de Católicas pelo Direito de Decidir, “é considerado um aborto até as 20 semanas, a partir deste período é parto imaturo, parto prematuro”, por isso “é importante sinalizar (sic) que até o primeiro trimestre, que são 12 ou 13 semanas, pode-se decidir livremente”.
Visivelmente contrariado, Mariátegui a interrompeu. “Gladys, você está carregando (matando) uma pessoa. Olha, eu tenho muitas dúvidas acerca do tema do aborto, eu sou a favor da eutanásia”, disse o jornalista, mas admitiu que “o aborto é difícil, pois está matando alguém. Digamos Corte Interamericana, digamos mil coisas, há alguém aí dentro, há uma pessoa”.
“Eu acredito na individualidade e no respeito e acho que, ao final, é uma questão de cada um. Mas eu acredito que está matando alguém, sim, matando alguém que também não pode se defender”, assinalou.
Mariátegui insistiu em questionar a representante do CDD como consegue “unir” sua suposta fé cristã e o fato de estar a favor do aborto, pois “é como se fosse católica e simplesmente estivesse negando a ressurreição de Cristo”.
“Se você disser que Cristo não ressuscitou não é católico, porque esta é a base de tudo. Assim como no caso do aborto. O Papa e todos dizem ‘o aborto não está bem’”, questionou o jornalista.
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Quase no final do programa, o jornalista peruano recordou à representante do CDD que a sua proposta “é bastante impopular” no Peru, “porque se fosse levada a referendo perderia por 80 a 20”.
Católicas pelo Direito de Decidir, organização fundada em 1973 nos Estados Unidos, investiu nos últimos anos mais de 13 milhões de dólares para promover a legalização do aborto na América Latina.
Em setembro deste ano, o Arcebispo de Nova Iorque (Estados Unidos), Cardeal Timothy Dolan, assegurou que Católicas pelo Direito de Decidir “não está filiada com a Igreja Católica de maneira alguma”.
Pelo contrário, advertiu, essa organização “rechaça e distorce o ensinamento social da Igreja e de fato ataca suas bases” para promover o aborto “como se este fosse um bem social”.
Confira também:
Cardeal Dolan denuncia falso grupo católico que promove o aborto https://t.co/5ojidwpync
— ACI Digital (@acidigital) 21 de setembro de 2016