ROMA, 23 de jun de 2004 às 17:47
Em uma entrevista publicada no jornal Avvenire a propósito do debate sobre a Constituição da União Européia –que negou uma menção explícita á herança cristã do bloco-, o Arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schonborn, indicou que “não se pode entender a Europa se forem cortadas as raízes cristãs de sua cultura e de sua tradição”.
Segundo o Purpurado, “o reconhecimento das raízes cristãs do continente é uma verdade evidente que não deveria ser tão difícil admiti-la”.
“Por que chegam aqui turistas de todo o mundo? Por acaso suas metas favoritas não são catedrais e mosteiros? A tenaz oposição ao reconhecimento das raízes cristãs é alentada por certas correntes do laicismo ocidental”, denunciou o Arcebispo.
O Purpurado considerou necessário “dizer claramente que a Igreja não tem pretenção política alguma, nem de domínio, quando faz referência às raíces cristãs do continente”.
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“E gostaria de acrescentar uma última observação: era importante que as raízes cristãs fossem citadas no Preâmbulo, mas é ainda mais decisivo que o texto da Constituição esteja ancorado nos valores inspirados pelo cristianismo. Estão em jogo princípios fundamentais como a dignidade das pessoas e os direitos humanos, incluindo os sociais”, indicou.
Segundo o Arcebispo, “não devemos esquecer que os fundadores deste projeto, De Gasperi, Schumann, Adenauer, eram católicos convictos. A União pretende assegurar paz e bem-estar, objetivos altamente positivos também do ponto de vista da fé cristã”.
“Além disso, a União representa um instrumento para começar novos modos de vida para a convivência entre os povos europeus, que foi envenenada pelas ideologias nos últimos dois séculos”, advertiu.
O Cardeal Schonborn acrescentou que “por sua história, sua potência econômica e sua tradição espiritual, a Europa não pode refugiar-se no isolamento. Tem uma obrigação, que deriva desses valores, fundamentalmente evangélicos, constitutivos de sua identidade. Por isto, a Europa deve lutar pelo direito à vida, à saúde e à educação”.