O verdadeiro legado de Fidel Castro para Cuba é de tristeza e “miséria de todo tipo”, assinalou o coordenador nacional do Movimento Cristão Libertação (MCL), Eduardo Cardet, e afirmou que conforme obtenham a liberdade aparecerão as histórias e os testemunhos que esfumaçarão o mito construído sobre o ditador cubano, adorado por comunistas de outros países que provavelmente dentro deles “desejaram ter um regime deste tipo”.

Em declarações ao Grupo ACI, o líder do movimento fundado por Oswaldo Payá assinalou que embora Fidel Castro tenha morrido, a ditadura e o estado totalitário que construiu estão de pé, pois “a repressão foi intensificada”, assim como a pobreza e o êxodo de cubanos que procuram um futuro melhor em outros países.

Isto, afirmou, “é um indicador direto de que esse é o verdadeiro legado de Fidel Castro, um legado penoso, um legado de tristeza, um legado de miséria de todo tipo. Realmente não há nada positivo”.

Fidel Castro faleceu em 25 de novembro, aos 90 anos de idade. O governo do seu irmão, Raúl, decretou 9 dias de luto. A urna com suas cinzas será enterrada no dia 4 de dezembro no cemitério de Santa Efigênia, em Santiago de Cuba.

Cardet indicou que “o que respiram em Cuba é um luto imposto. Realmente existe quase um estado de toque de recolher” com “muita presença policial e militar”. Além disso, “o governo impede que as pessoas escutem música” ou realizem festas.

O líder dissidente denunciou que as pessoas são ameaçadas de alguma maneira a assinar o livro de condolências e que “estão pressionando” aqueles que estão vinculados e pertencem às organizações do governo a assinar “um compromisso de adesão aos princípios do que chamam de ‘sociedade socialista’ e ao suposto legado de Fidel Castro, o que é lamentável, pois não é feito em um clima de liberdade”.

Durante a entrevista, o coordenador nacional do MCL também se referiu aos líderes e políticos estrangeiros que adoram a figura de Castro e não criticam a ditadura que já dura 57 anos.

“No exterior há pessoas que adoram a figura de Fidel Castro porque infelizmente são pessoas que em seu foro interno desejaram ter um regime deste tipo, possivelmente porque estão em plena sintonia com estas ideias totalitárias”, expressou Cardet.

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Ele indicou que isto “é muito lamentável” e é uma “vergonha” que haja pessoas que “de maneira tão direta estejam satisfeitas com uma figura tão negativa como a de Fidel Castro”. “Nós, cubanos, que estamos dentro e fora da ilha, sofremos durante estes quase 60 anos de uma cruel ditadura, onde todo o mundo foi afetado, inclusive os próprios seguidores do regime foram duramente afetados”, expressou.

Entretanto, assegurou que com o passar do tempo tudo será esclarecido e surgirá a verdade sobre tudo o que aconteceu em nosso país”.

“Na medida em que vai aparecendo, ressurgindo a liberdade em nossa pátria e que todos estes testemunhos possam ser contados, toda esta história possa ser bem contada, se esfumaçará todo esse mito construído da manipulação e, eu diria, do desejo de muitos de ter um líder de esquerda internacional como supostamente foi Fidel Castro” para “os comunistas da Argentina, do Chile, do Brasil, da Venezuela, comunistas e gente de esquerda da Europa”.

Estas pessoas, afirmou, adoram um regime como o castrista, apesar de desfrutarem “em alguma medida da democracia em seus países, desfrutam da democracia e não estão submetidos à perseguição nem às penúrias que nós, os cubanos, sofremos”.

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