Roma, 5 de dez de 2016 às 17:00
A visita de Stephen Hawking ao Vaticano no final do mês de novembro causou curiosidade e até mesmo levou algumas pessoas a se questionar sobre o que exatamente estava fazendo o astrofísico e autoproclamado ateu no coração da Igreja Católica.
Entretanto, para o Vaticano a visita não era nada extraordinária. Hawking é um membro da Pontifícia Academia das Ciências – da qual participam os 80 cientistas mais brilhantes do mundo – e estava na Cidade do Vaticano para seu encontro anual.
A conferência deste ano estava focada em “Ciência e sustentabilidade”. O próprio Hawking deu uma palestra sobre “A origem do universo”, tema sobre o qual alcançou reconhecimento mundial.
O credo – católico ou outro – não é um critério para os membros da Pontifícia Academia das Ciências. O presidente do grupo, Werner Arber, Prêmio Nobel de Medicina de 1978, é protestante. Há membros da Academia que são católicos, ateus, protestantes e membros de outras religiões.
Esta política aberta dos membros existe porque a Pontifícia Academia das Ciências foi pensada como um lugar onde a ciência e a fé possam se encontrar e discutir. Não é um foro confessional, mas um lugar onde é possível ter uma discussão aberta e examinar os futuros avanços científicos.
A Academia foi fundada em 1603 pelo príncipe Federico Cesi com a bênção do Papa Clemente VII, e seu primeiro diretor foi Galileus Galilei. Quando o príncipe Cesi morreu, a Academia foi fechada.
Pio IX a refundou em 1847, mas a Academia foi inserida no Reino da Itália depois da queda dos Estados Pontifícios. Em 1936, Pio XI fundou novamente a Academia, dando-lhe seu nome atual e um estatuto atualizado por Paulo VI em 1976 e São João Paulo II atualizou novamente em 1986.
Entre os nomes dos membros da Academia ao longo dos anos, pode-se encontrar muitos ganhadores do Prêmio Nobel, entre eles, alguns eram membros da Pontifícia Academia das Ciências quando receberam o reconhecimento.
Entre os Prêmio Nobel que eram membros da Academia estão: Niels Bohr, Rita Levi Montalcini, Werner Heisenberg, Alexander Fleming e Carlo Rubbia.
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Os encontros da Pontifícia Academia das Ciências discutem temas da vanguarda da ciência. Por exemplo, a Academia discutiu muitas vezes sobre o “bóson de Higgs”. Esta partícula elementar foi finalmente descoberta em 2015, mas os cientistas da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) anteciparam sua iminente descoberta em um encontro sobre física subnuclear realizado na Casina Pio IV, a sede da Academia.
Em certo sentido, a Academia é uma ponte entre a ciência, a fé e o mundo. Prova que o conhecimento científico não nega a presença de Deus.
O chanceler da Academia, Dom Marcelo Sánchez Sorondo destacou que “o cientista descobre coisas que não havia colocado lá. Questionar quem colocou essas coisas lá é um assunto teológico. O cientista só as descobre, o crente vê nelas a presença de Deus”.
Dom Sánchez Sorondo recordou que perguntou a Hawking se havia tinha à conclusão de que Deus não existe como cientista ou sobre a base da sua experiência de vida e assinalou que “Hawking teve que reconhecer que a sua afirmação não tinha nada a ver com a ciência”.
Durante a sua conferência no Vaticano, Stephen Hawking homenageou o Pe. Georges Lemaitre, presidente da Pontifícia Academia das Ciências de 1960 a 1966. Hawking disse que o sacerdote belga é o verdadeiro pai da “Teoria do Big Bang” e não o físico George Gamow.
“Georges Lemaitre foi a primeira pessoa que propôs um modelo segundo o qual o universo tinha um princípio muito denso. Ele, e não George Gamow, é o pai do Big Bang”, disse.
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— ACI Digital (@acidigital) January 22, 2015