HAVANA, 6 de dez de 2016 às 16:00
Yaimaris Cardet, esposa do coordenador nacional do Movimento Cristão Libertação (MCL), Eduardo Cardet, disse tem medo do que possa estar acontecendo com o líder opositor, pois não têm notícias dele desde que foi detido em 30 de novembro pelo governo cubano, que quer mantê-lo na prisão durante 15 anos por ter manifestados suas opiniões sobre “o comandante” Fidel Castro.
“Tenho muito medo pela integridade do meu esposo”, expressou a também dissidente em declarações recentes à emissora espanhola COPE.
“À minha mãe, que também é membro da oposição, manifestaram que eles (os agentes e policiais) tinham a ordem até de matar, que era um delito grave criticar a figura de Fidel. Essa é a situação que vivemos”, acrescentou.
Depois de voltar de uma viagem aos Estados Unidos, Eduardo Cardet deu declarações à mídia estrangeira, entre eles o Grupo ACI, quando mencionou a situação de Cuba e criticou o legado de Fidel Castro, falecido em 25 de novembro.
O líder do movimento fundado por Oswaldo Payá assinalou em 29 de novembro que, embora Fidel Castro tenha morrido, a ditadura e o estado totalitário que construiu estão de pé, pois “a repressão foi intensificada”, assim como a pobreza e o êxodo de cubanos que procuram um futuro melhor em outros países.
Isto, afirmou, “é um indicador direto de que esse é o verdadeiro legado de Fidel Castro, um legado penoso, um legado de tristeza, um legado de miséria de todo tipo. Realmente não há nada positivo”.
No dia seguinte, Cardet Concepción foi detido violentamente depois de visitar a sua mãe, que estava doente.
“Em frente à sua casa, diante dos seus filhos, dos vizinhos, agrediram-no fisicamente, tentaram prendê-lo à força. Golpearam-no. Nós tentamos defendê-lo”, relatou a esposa.
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Yaimaris recordou que não é a primeira vez que prendem o seu esposo. Disse que normalmente as detenções duravam apenas algumas horas; entretanto, há cinco dias foi preso e até o momento não têm notícias dele.
“Quero ser cuidadosa a respeito porque me ameaçaram caso denunciasse”, acrescentou. Yaimaris disse que os agentes lhe advertiram que, “se os membros da oposição se aproximavam” e organizassem “qualquer tipo de resposta, a retenção dele (Cardet) se prolongaria”.
“Segundo eles, o delito que lhe imputa é falta de respeito à figura do comandante Fidel e que eles não vão permitir a contra-revolução”, relatou.
Yaimaris assinalou que durante estes dias de luto decretado pelo governo, as casas dos opositores foram vigiadas.
O Grupo ACI tentou se comunicar por telefone com a esposa do líder do MCL, sem êxito algum. Carlos Payá, representante do MCL na Espanha, assinalou que o número telefônico de Yaimaris foi bloqueado pelo governo.
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— ACI Digital (@acidigital) December 2, 2016