VATICANO, 15 de dez de 2016 às 16:30
“Por que as crianças sofrem?”, perguntou-se o Papa Francisco ante centenas de médicos, enfermeiras, administradores, pacientes e familiares no Hospital Pediátrico ‘Bambino Gesú’, em Roma, durante uma audiência.
“Não há resposta para essa pergunta. Apenas devemos olhar para o crucifixo e deixar que Jesus nos dê a resposta”.
Rodeado de um grupo de meninos e meninas – pacientes e irmãos dos pacientes do hospital –, o Santo Padre indicou que “nem mesmo Jesus deu uma resposta” para esta pergunta. “Vivendo em meio a nós, não nos explicou por que sofremos”.
Entretanto, disse o Papa, Jesus “nos demonstrou o caminho para dar sentido também a esta experiência humana: não explicou porque se sofre, mas, suportando com amor o sofrimento, nos mostrou por quem se oferece. Não porque, mas por quem”.
“Por que as crianças sofrem?”, insistiu novamente Francisco. “É uma das perguntas abertas de nossa existência. Não sabemos. Deus é injusto? Sim, foi injusto com o seu Filho, o levou à cruz. Mas é nossa existência humana, é a nossa carne que sofre nessas crianças. E quando a pessoa sofre, não fala: chora e reza em silêncio”.
O Pontífice reconheceu que “é muito difícil acompanhar uma criança que sofre” e, nesse sentido, dirigiu palavras de reconhecimento e agradecimento às enfermeiras e aos enfermeiros pelo trabalho que realizam.
“São eles que permanecem mais próximos aos que sofrem, são eles que compreendem os que sofrem. Sabem como coexistir com o sofrimento, como acompanhar com ternura. As enfermeiras e os enfermeiros têm uma qualidade especial para acompanhar e para curar. Isso é importante”.
A esperança
O Santo Padre destacou também a importância da esperança no processo de cura de um doente, mas também na vida de todas as pessoas.
Essa esperança é algo que podemos aprender das crianças por meio da gratidão. “O descobrimento diário do valor da gratidão, aprender a dizer ‘obrigado’. Ensinamos isto às crianças e depois, nós adultos, não fazemos”.
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“Mas dizer obrigado, simplesmente porque estamos diante de uma pessoa, é um remédio contra o esfriamento da esperança, que é uma doença contagiosa feia. Dizer obrigado alimenta a esperança, aquela esperança na qual, como disse São Paulo, estamos salvos”.
“A esperança – afirmou Francisco – é a gasolina da vida cristã, sem a qual não podemos funcionar. É o combustível que nos faz seguir em frente a cada dia. Portanto, é lindo viver como pessoas agradecidas, como crianças felizes, pequenas, simples e alegres de Deus”.
Por outro lado, o Papa Francisco denunciou a corrupção que em certas ocasiões afeta os hospitais. Também repreendeu atitudes anteriores do Hospital ‘Bambino Gesú’, cuja história “nem sempre foi boa. Muitas vezes sim, mas houve ocasiões nas quais não foi boa. A tentação de avançar para a uniformidade, de transformar algo muito bonito, como é um hospital infantil, em um negócio no qual os médicos e as enfermeiras fossem fontes de dinheiro”.
“Um hospital deve ter medo da corrupção”, insistiu.
“O câncer mais grave de um hospital como este é a corrupção. E a corrupção não surge de um dia para o outro. Chega pouco a pouco. Neste mundo onde há tantos problemas de saúde, enganam tantas pessoas com a indústria da doença”.
Como remédio contra a corrupção, o Pontífice afirmou que “devemos olhar para as crianças. As crianças não são corruptas. Deve tentar encontrar neles o sinal de identidade do hospital. O Hospital ‘Bambino Gesú’ deve aprender a dizer ‘não’ à corrupção. Pecadores, sim, todos nós somos. Mas corruptos, nunca”.
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“Carinhoterapia”: a receita do Papa Francisco para ajudar a aliviar a enfermidade https://t.co/6fMYFyU454
— ACI Digital (@acidigital) February 15, 2016