MADRI, 16 de dez de 2016 às 07:00
A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) apresentou na quarta-feira, 14, sua campanha de Natal para ajudar os cristãos do Paquistão, uma comunidade minoritária, perseguida e esquecida.
O diretor da fundação na Espanha, Javier Menéndez Ros, sublinhou na coletiva de imprensa de apresentação da campanha que escolheram o Paquistão, apesar da difícil situação que se vive no Oriente Médio, porque “queremos ser uma voz profética da situação dos cristãos sobre os quais ninguém fala”.
A cristã paquistanesa Gloria Safdar deu seu testemunho na apresentação da campanha e assegurou: “Minha gente não tem voz, ninguém a escuta. Somos uma minoria discriminada e perseguida”.
Gloria vive em Valência (Espanha) há oito anos, quando teve que fugir do Paquistão junto com toda a sua família, depois que um de seus irmãos foi condenado à morte por ter – supostamente – infringido a lei anti-blasfêmia que sanciona qualquer ofensa de palavra ou de ação contra Alá, Maomé ou o Corão. Após mudar várias vezes de casa, decidiram abandonar o país e chegaram à Espanha como refugiados.
Conforme a jovem refugiada explicou, “os cristãos no Paquistão são cidadãos de segunda categoria”, já que a religião oficial do país é o Islã. “Todos os cargos dignos, como presidente e primeiro-ministro só podem ser ocupados por muçulmanos e isso é uma discriminação muito grande”.
Menéndez Ros assegurou que, no Paquistão, os cristãos são 2% da população, um total de 4 milhões em um país de 191 milhões de habitantes. Além disso, são os últimos na escala social, pois são os mais pobres e 95% deles são analfabetos.
O acesso dos cristãos aos estudos está limitado tanto por sua mínima capacidade econômica como pelas discriminações que sofrem em todos os graus formativos. Por isso, a grande maioria das famílias cristãs acaba trabalhando no campo ou na fabricação de tijolos em regime de semiescravidão.
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Gloria explicou que ela era a única cristã que estudava em sua escola e em sua universidade. “Para evitar conflitos com a lei anti-blasfêmia, evitava falar de muitos temas” e isso fez com que se isolasse. “Tive que ficar me censurando continuamente”, assegurou, mas também sublinhou que, apesar do assédio que sofrem, “os cristãos não têm medo de ir às igrejas. As Missas ficam cheias aos domingos”.
Segundo o Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2016, o Paquistão é um dos 23 países onde a liberdade religiosa está mais comprometida em todo o mundo e, conforme indica a Fundação ACN, a situação tem piorado.
Esta Campanha de Natal será destinada ao financiamento da construção de templos e igrejas, assim como a proteção dos mesmos, pois frequentemente ocorrem ataques terroristas. Além disso, também será destinada ao sustento de sacerdotes, seminaristas e catequistas e ao apoio a todas as iniciativas da Igreja católica a favor da formação e da educação. A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre apoia mais de 60 projetos a cada ano no Paquistão com cerca de 600.000 euros.
Segundo informa a ACN, a Lei de Blasfêmia é um conjunto de normas que “no fundo supõe outra perseguição de menor intensidade, porque ser acusado por esta lei implica a pena de morte”. No Paquistão, há atualmente mais de 1.000 condenados à morte por esta lei, segundo o Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo. “Mais de 1.000 ‘Asias Bibis’ presas e passando pela mesma situação”, afirmou Menéndez Ros.
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— ACI Digital (@acidigital) 4 de outubro de 2016