BELO HORIZONTE, 6 de jan de 2017 às 04:00
“Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra”, narra o Evangelho de Mateus (2,11) sobre o momento em que os Magos do Oriente encontraram o Menino Jesus. Este episódio é recordado de modo especial no Brasil com a tradicional Folia de Reis, festa que será declarada patrimônio imaterial de Minas Gerais neste dia 6 de janeiro.
A manifestação religiosa celebra o fim do ciclo natalino #FoliaDeReis #Caraguá https://t.co/iUxHjwQ0Kv pic.twitter.com/WNGGPGAsfx
— Portal Caiçara (@PortalCaicara) 5 de janeiro de 2017
A visita dos Reis Magos ao Menino Jesus é relembrada na Igreja com a festa da Epifania do Senhor, celebrada neste 6 de janeiro. Mas, no Brasil, a festa é transferida para o domingo – neste ano, 8 de janeiro.
Entretanto, os brasileiros marcam o dia 6 de janeiro como o Dia de Reis, data em que se comemora esta tradicional festa trazida pelos colonizadores portugueses no século XVIII e que ainda se mantém viva em diversas cidades, a Folia de Reis.
Em Minas Ferais, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico apresenta hoje ao Conselho Estadual de Patrimônio (Conep) um estudo em que identificou no estado cerca de 1,5 mil grupos de folias de reis, pastorinhas, terno, charola e outros.
Neste levantamento, o Instituto cadastrou grupos de 285 municípios. A cidade de Uberaba possui a maior quantidade de cadastrados, com 106.
Em um artigo de 2016 no qual aborda a origem e tradição do Dia de Santos Reis, o Professor e coordenador do Curso de Jornalismo na Faculdade Canção Nova, João Rangel, explica que a Folia de Reis é um “grupo que reúne cantadores e instrumentistas para celebrar a data”.
“Em Portugal, a manifestação cultural tinha a principal finalidade de divertir o povo. Aqui no Brasil, passou a ter um caráter mais religioso”, pontua.
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Os caminhos percorridos pelos grupos de Folia de Reis remetem ao percurso feito pelos Magos até encontrarem o Menino Jesus.
De acordo com João Rangel, os grupos percorrem as cidades “entoando versos alusivos à visita dos Reis, passando de porta em porta em busca de oferendas, que podem variar de um prato de comida a uma simples xícara de café. Em cada casa que é acolhida, a Folia apresenta-se cantando e tocando músicas de louvor a Jesus e aos Santos Reis, em volta do presépio, com muita alegria”.
A tradição da Folia de Reis conta com diferentes figuras que formam o grupo, sendo o líder o Capitão, que carrega a Bandeira. “Geralmente feita com tecido e decorada com figuras que representam o menino Jesus, a Bandeira é enfeitada com fitas e flores de plástico, tecido ou papel, sempre costuradas ou presas com alfinetes, nunca amarradas com ‘nós cegos’”, esclarece João Rangel, ao destacar que se trata de uma crença segundo a qual a forma de prender os enfeites é uma maneira de “não ‘amarrar’ os foliões ou atrapalhar a caminhada”.
O grupo é antecedido pelo palhaço, com suas roupas coloridas, máscara e uma espada ou varinha de madeira. “É ele o responsável por abrir passagem para a Folia”, conta o artigo. Os outros membros cantam e tocam seus instrumentos musicais, como violas, violões, caixas, pandeiros, também enfeitados com fitas e tecidos coloridos.
“Cada cor possui o seu próprio simbolismo”, explica o jornalista. De acordo com ele, “rosa, amarelo e azul, podem representar a Virgem Maria; branco e vermelho, o Espírito Santo”.
João Rangel ressalta ainda que, por esta tradição religiosa e popular, fiéis consideram o Dia de Reis como o encerramento dos festejos natalinos, quando costumam, então, desmontar suas árvores de Natal e o presépio.
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— ACI Digital (@acidigital) January 6, 2016