O Arcebispo de Toledo e Primado da Espanha, Dom Antonio Cañizares Llovera denunciou que as vítimas do ETA “estão sendo esquecidas” no atual debate sobre a negociação com a banda terrorista e que por isso se deve “sair à rua no próximo sábado” para defender-se.

Em diálogo com o jornal A Razão, o vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola assegurou que o grupo terrorista é “gravemente imoral e intrinsecamente perverso” e que deve depor “as armas sem nenhuma condição” pois, crie, a única saída é seu desaparecimento.

“São muitas as vítimas. No sábado têm que sair à rua porque se estão esquecendo delas. Talvez as vítimas percebam que não estão recebendo suficiente apoio. Têm que defender-se e temos que as defender”, manifestou o Prelado.

Sobre esta possível negociação entre o Governo e o grupo terrorista, Dom Cañizares sustentou que só existe uma opção viável: “Que desapareça ETA, porque é a única maneira de que se solucionem os problemas, que deponha as armas sem nenhuma condição”.

Mais adiante, ao referir-se à posição do Episcopado sobre o terrorismo, o Arcebispo garantiu não haver diferenças. “Não há nenhuma disparidade entre o que há dito o Arcebispo de Valência e minhas estimativas. Dizer que há divisão é uma quimera e uma pura elucubração”, destacou o Primado.

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Manipularam suas palavras

Na entrevista, o Arcebispo de Toledo denunciou a manipulação de suas palavras pronunciadas durante a procissão do Corpus no domingo passado ao afirmar que “neste ato não citei, em nenhum momento, ao ETA, mas sim li um parágrafo da mensagem do João Paulo II para a Jornada Mundial da Paz de 2004 no que pedia ‘que cessem tantas formas de crescente violência, causa de inexprimíveis sofrimentos; que se apaguem tantos focos de tensão, que se consolide a vontade de procurar soluções pacíficas; respeitosas das legítimas aspirações dos homens e dos povos; que Ele  mesmo alenteas iniciativas de diálogo e reconciliação; e que nos ajude a compreender que a única via para construir a paz é fugir horrorizados do mal e procurar sempre e com valentia o bem’”.

Foi depois desta introdução –resenha o jornal–, quando o Primado da Espanha aludiu ao terrorismo e realizou uma oração “para que nunca mais golpeie em nossas terras da Espanha nem em nenhuma parte do mundo; que todos estejamos frente a ele; que se multiplique a misericórdia de Deus e a solidariedade, a ajuda da caridade e da justiça dos homens em favor de suas vítimas”.

Segundo Dom Cañizares, “era impossível que o Papa se referisse em 2004 à questão que atualmente está exposta do diálogo ou não diálogo com o ETA”. Extrair daí um possível apoio às negociações “é uma manipulação tirada de contexto e pôr em minha boca palavras que nunca disse”, precisou.