REDAÇÃO CENTRAL, 24 de jan de 2017 às 04:00
“O amor é a perfeição do espírito e a caridade é a perfeição do amor”, dizia São Francisco de Sales. Conhecido como o santo da amabilidade, lutou vários anos de sua vida para dominar sua ira e obteve a conversão de muitos. A festa deste Doutor da Igreja e padroeiro dos jornalistas e comunicadores é a celebrada neste 24 de janeiro.
São Francisco de Sales nasceu no castelo de Sales, na Saboya, em 1567. Desde menino era muito inquieto e brincalhão, tanto que sua mãe e sua ama tinham que estar constantemente vendo o que estava fazendo.
Sua luta contra a ira foi constante. Certo dia, um calvinista visitou o castelo, o pequeno Francisco se inteirou, tomou um pau e foi brincar de correr atrás das galinhas gritando: “Fora os hereges, não queremos hereges”.
Teve como mestre o Pe. Deage, sacerdote muito perfeccionista em suas exigências. Este preceptor lhe faria passar momentos amargos, mas lhe ajudaria muito em sua formação.
Aos 10 anos, recebeu a primeira comunhão e confirmação e, desde esse dia, comprometeu-se a visitar frequentemente o Santíssimo. Mais adiante, conseguiu que seu pai o enviasse ao Colégio do Clermont, dirigido pelos jesuítas e conhecido pela piedade e o amor à ciência.
Acompanhado pelo Pe. Deage, Francisco se confessava e comungava a cada semana, era dedicado aos estudos e reservava um par de horas diárias aos exercícios de equitação, esgrima e dança.
Muitas vezes o sangue lhe subia à cabeça pelas brincadeiras e humilhações. Mas, conseguia se conter de tal maneira que muitos nem imaginavam o seu mau gênio. Entretanto, o inimigo lhe fez sentir que seria condenado ao inferno para sempre. Este pensamento o atormentava até o ponto que perdeu o apetite e já não dormia.
Então, disse a Deus: “Não me interessa que me mande todos os suplícios que queira, desde que me permita seguir te amando sempre”. Logo, na Igreja de Santo Estêvão, em Paris, ajoelhado diante da imagem da Virgem, pronunciou a famosa oração de São Bernardo: “Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria…”. Assim, recuperou a paz.
Esta provação o ajudou muito a se curar do orgulho e saber compreender as pessoas em crise para assim tratá-las com bondade. Obedecendo seu pai, foi estudar direito em Pádua, tempo que aproveitou para estudar também teologia por seu grande desejo de ser sacerdote.
Aos 24 anos, obteve seu doutorado em leis e mais tarde, junto a sua família, manteve uma vida típica de jovem da nobreza. Seu pai desejava que se casasse e que obtivesse postos importantes, mas Francisco se mantinha em reserva por sua inquietação de consagrar-se a serviço de Deus.
Com a morte do decano do Capítulo de Genebra, seu primo Luis de Sales, alguns conhecidos fizeram com que o Papa lhe outorgasse este cargo. O jovem santo, por outro lado, começou a dialogar com seu pai sobre sua inquietação vocacional e pouco a pouco o convenceu.
Vestiu a batina no dia em que obteve a aprovação de seu pai e recebeu a ordem do sacerdócio seis meses depois. Exercia os ministérios entre os mais necessitados com muito carinho e seus prediletos eram os de berço humilde.
Entre os habitantes do Chablais, os protestantes tinham dificultado a vida dos católicos e Francisco se ofereceu para ir até lá com permissão do Bispo.
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A fim de tocar os corações da população, o santo começou a escrever panfletos nos quais expunha a doutrina da Igreja e refutava os calvinistas. Estes escritos mais tarde formariam o volume das “Controvérsias”.
O que as pessoas mais admiravam era a paciência com que o santo vivia as dificuldades e perseguições.
Francisco caiu em uma grave enfermidade e, ao recuperar a saúde, foi à Roma onde o Papa estava. Lá, teólogos e sábios que tinham ouvido de suas qualidades fizeram-lhe perguntas difíceis de teologia. Todos ficaram maravilhados pela simplicidade, modéstia e ciência de suas respostas.
O Pontífice o confirmou como coadjutor de Genebra e o santo retornou à sua diocese para trabalhar com mais empenho. Quando o Bispo morreu, Francisco o sucedeu no governo e fixou sua residência em Annecy.
Teve como discípula Santa Joana de Chantal e do encontro destes dois santos surgiu a fundação da Congregação da Visitação, em 1610. Das notas com que instruía a santa, surgiu o livro “Introdução à vida devota”. Mais tarde, São Francisco de Sales o publicou, tendo sido traduzido em muitos idiomas.
Em 1622, o duque da Saboya convidou o santo para se reunir em Aviñón. O santo Bispo aceitou, pela parte francesa de sua diocese, mas arriscando muito sua saúde devido à longa viagem em pleno inverno.
Deixou tudo em ordem, como se soubesse que não voltaria. Quando chegou a Aviñón, as multidões se apinhavam para vê-lo e as congregações queriam que pregasse para elas.
Ao regressar, São Francisco se deteve em Lyon e se hospedou na casinha do jardineiro do Convento da Visitação. Atendeu as religiosas durante um mês inteiro e quando uma delas lhe pediu uma virtude para praticar, o santo escreveu “humildade”.
No cruel inverno, prosseguiu sua viagem pregando e administrando os sacramentos, mas sua saúde ia piorando até que partiu para a Casa do Pai. Sua última palavra foi o nome de Jesus. São Francisco de Sales expirou aos 56 anos, em 28 de dezembro de 1622, sendo Bispo por 21 anos.
No dia seguinte, a população inteira do Lyon passou pela humilde casa onde faleceu. Em 1632, abriram seu túmulo para saber como estava. Parecia que se encontrava em um aprazível sonho.
Santa Joana de Chantal foi ver o corpo do santo junto a suas religiosas e, quando lhe disseram que podia se aproximar, a santa se ajoelhou, tomou a sua mão e a pôs sobre a sua cabeça para lhe pedir a bênção.
Nesse momento, todas as irmãs viram que a mão do santo parecia recuperar vida e, movendo os dedos, acariciava a humilde cabeça de sua discípula. Hoje, em Annecy, as irmãs da Visitação conservam o véu que Santa Joana usava naquele dia.
São Francisco de Sales foi canonizado em 1665. Em 1878, o Papa Pio IX o declarou Doutor da Igreja. São João Bosco adotou o “santo da amabilidade” como patrono de sua congregação e como modelo para o serviço que os salesianos devem oferecer aos jovens.